Vitória ruralista: Senado aprova marco temporal e confronta decisão do STF

Redação 011
3 Min
Vitória ruralista: Senado aprova marco temporal e confronta decisão do STF
foto: Waldemir Barreto/ Agência Senado

Nesta quarta-feira (26), o Senado Federal aprovou um projeto de lei que estabelece o “marco temporal” para a demarcação de terras indígenas, com 43 votos a favor e 21 contra. Agora, o projeto aguarda a sanção do presidente Lula (PT) para se tornar lei.

O “marco temporal” é uma regra que define que os povos indígenas só podem reivindicar a posse de terras que ocupavam de forma permanente até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição brasileira. Isso significa que, para manter seus direitos territoriais, as comunidades indígenas devem comprovar que estavam nas terras nessa data.

A elaboração do marco temporal é de responsabilidade do poder legislativo, e sua aprovação pelo Senado contraria uma decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou essa tese como ilegal. Isso pode abrir uma disputa entre o poder legislativo e judiciário, já que ambos têm interpretações conflitantes sobre o assunto.

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O projeto de lei para demarcação de terras indígenas, recentemente aprovado, abrange uma série de pontos, sendo alguns deles:

  1. Celebração de contratos para exploração de atividades econômicas em terras tradicionais: O projeto permite a celebração de contratos entre indígenas e não-indígenas para a exploração de atividades econômicas em terras tradicionais, criando oportunidades econômicas para as comunidades indígenas, que poderiam melhorar sua qualidade de vida ao serem inseridas ao mercado.
  2. Exceções para conflitos de posse anteriores a 1988: O projeto estabelece exceções para casos de conflitos de posse que ocorreram antes de 1988. Isso significa que, em situações de disputas de terras que ocorreram antes dessa data, o “marco temporal” não seria aplicado.
  3. Permissão para contato com povos indígenas isolados: O projeto também autoriza o contato com povos indígenas isolados, abrindo a possibilidade de intercâmbio cultural.
  4. Possibilidade de empreendimentos econômicos sem consulta prévia: Uma das questões mais polêmicas é a possibilidade de empreendimentos econômicos serem realizados em territórios indígenas sem consulta prévia às comunidades afetadas, o que preocupa aos setores políticos que dizem zelar pela proteção dos direitos das comunidades indígenas, e algumas ONG’s nacionais e internacionais.

A aprovação do marco temporal acontece após um intenso embate político, no qual os ruralistas e setores conservadores têm exercido pressão em favor de um projeto que também estipula que o governo seja responsável por indenizar a desocupação de terras e reconhecer títulos de propriedade em terras pertencentes às comunidades indígenas,abrindo a possibilidade de compensações para não-indígenas que residem ou exploram áreas que têm sido objeto de disputas entre brasileiros de diferentes origens étnicas.

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