O jornal O Globo revelou que um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) tem buscado articular candidaturas de governadores ao Senado com o objetivo de impedir que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) consiga maioria na Casa. A informação indica que essas movimentações visam influenciar o equilíbrio de forças no Legislativo, que tem papel central na tramitação de processos de impeachment de ministros do STF. A disputa pelo Senado é estratégica, pois Bolsonaro tem concentrado esforços em eleger o maior número de aliados possível para fortalecer sua base política.
O ativismo judicial do STF tem sido alvo de críticas recorrentes, e o procurador Felipe Gimenez, do Mato Grosso do Sul, reforçou essa preocupação ao afirmar no final de 2024 na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara que “são os ministros do STF quem decidem as eleições”. A declaração foi feita durante debate sobre a implementação do voto impresso, um tema defendido por setores que questionam a transparência do atual sistema eleitoral. Embora Gimenez tenha evitado apresentar provas sobre sua alegação, suas palavras ecoam a insatisfação de diversos parlamentares com o protagonismo da Corte nos últimos anos.
A situação se agrava diante das dificuldades jurídicas enfrentadas por Bolsonaro, cuja inelegibilidade foi confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023. Em entrevista à CNN, o ministro do STF Gilmar Mendes afirmou que há poucas chances de reversão da decisão, mantendo o ex-presidente fora da disputa em 2026. Paralelamente, tramita no Congresso um Projeto de Lei que busca reduzir de oito para dois anos o período de inelegibilidade por abuso de poder político e econômico, uma medida que, se aprovada, poderia beneficiar Bolsonaro e outros políticos condenados. No entanto, a possibilidade de contestação pelo próprio STF levanta incertezas sobre o futuro político do ex-presidente e da democracia como um todo, quando a vontade popular está restrita aos limites definidos pelo judiciário.