Após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela informar que Nicolás Maduro foi reeleito com 51,2% dos votos, o silêncio do governo brasileiro chama a atenção, especialmente após meses de “ótimas relações” entre Lula (PT) e Maduro, que enfrentaram alguns atritos antes das eleições, quando Maduro insinuou que o sistema eleitoral do Brasil, pelo qual Lula foi eleito, não é mais confiável e transparente que o da Venezuela. Enquanto países como Rússia, China e Cuba prontamente parabenizaram Maduro pela suposta vitória, destacando a importância de fortalecer relações bilaterais, o governo Lula não se pronunciou oficialmente. Já o presidente da Argentina, Javier Milei, rejeitou o resultado, classificando-o como “outra fraude” e exigiu que as Forças Armadas venezuelanas defendessem o resultado informado pela oposição.
Diversos líderes internacionais expressaram preocupação com a legitimidade das eleições na Venezuela. Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, declarou que há “sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”, mas não comentou sobre possíveis ações diplomáticas ou militares contra o regime de Maduro, que é alvo de sanções dos EUA há vários anos. Enquanto isso, o presidente do Chile, Gabriel Boric, e o ministro das Relações Exteriores do Peru, Javier Gonzalez-Olaecha, também condenaram o processo eleitoral. Boric destacou a necessidade de transparência e verificabilidade dos resultados, enquanto Gonzalez-Olaecha denunciou irregularidades no processo.
Diante da reação internacional, a falta de posicionamento do Brasil é vista como uma omissão importante, especialmente considerando as críticas à transparência do pleito venezuelano. O governo Lula enviou um observador para acompanhar o processo, mas até as primeiras horas da manhã desta segunda-feira (29) não se manifestou para apoiar ou contestar o resultado emitido pela ditadura. Além disso, o apoio de países aliados de Maduro, como Rússia e China, reforça as especulações sobre a piora da situação política na Venezuela e o fortalecimento do regime, que, segundo o resultado emitido pelo CNE, governará o país vizinho por pelo menos mais seis anos.