Durante escala em Moscou nesta quarta-feira (14), Lula (PT) revelou que o governo ucraniano apelou diretamente ao Brasil para tentar convencer o ditador Vladimir Putin a comparecer pessoalmente a uma reunião de negociação com Volodymyr Zelensky na Turquia. A escolha de Lula como interlocutor não foi por acaso: o petista é amplamente conhecido por manter relações estreitas com alguns dos regimes mais violentos do planeta, incluindo o próprio Putin, além de Nicolás Maduro (Venezuela), Miguel Díaz-Canel (Cuba) e diversos ditadores africanos com quem esteve recentemente em evento realizado na Rússia.
Segundo o próprio Lula, o pedido chegou por meio do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O presidente ucraniano teria se mostrado disposto a negociar pessoalmente com Putin, desde que o russo participe presencialmente da reunião marcada para esta quinta-feira (15) em Istambul. Zelensky foi categórico: não aceitará negociar com enviados ou representantes, apenas com o chefe do regime russo. A tentativa de diálogo pode ter ainda a presença de Recep Erdogan, presidente da Turquia, e do presidente norte-americano Donald Trump, que está em missão diplomática no Oriente Médio.
Em declaração dada em Pequim, pouco antes de retornar ao Brasil, Lula demonstrou entusiasmo com a possibilidade de mediação: “Estou muito otimista com a proposta feita por Putin e com a aceitação por parte de Zelensky”, disse. A fala reforça a disposição do petista em atuar como ponte entre os envolvidos — papel que só lhe cabe, em parte, devido à sua notória proximidade com autocratas e ditadores pelo mundo, frequentemente ignorando críticas internacionais aos abusos cometidos por esses regimes.