O Ministro da Justiça da França, Gérald Darmanin, reconheceu publicamente que houve uma falha na segurança após um roubo espetacular de joias no Museu do Louvre, em Paris. Nesta segunda-feira (20), Darmanin afirmou à rádio France Inter que o incidente lançou o país sob uma luz “deplorável” e “negativa”, admitindo: “O certo é que falhamos”. Políticos da oposição, por sua vez, criticaram o governo, classificando o assalto como uma “humilhação nacional”.
O roubo foi executado de forma ousada. Os ladrões conseguiram invadir o Louvre, um dos museus mais visitados do mundo, utilizando um guindaste para quebrar uma janela no andar superior. O alvo dos criminosos era uma área que abriga as joias da coroa francesa, de valor inestimável. Após o assalto, os criminosos fugiram em motocicletas.
O incidente levanta questões incômodas sobre a segurança do museu, que é a casa de obras mundialmente famosas como a Mona Lisa e recebeu 8,7 milhões de visitantes em 2024. A magnitude do assalto fez com que o ministro afirmasse que “todos os franceses se sentem como se tivessem sido roubados”. O Louvre permanece fechado nesta segunda-feira (20) enquanto as autoridades apuram os detalhes da invasão.
Sob gestão Macron, falhas reforçam crítica de negligência do Estado ao patrimônio
O espetacular roubo das joias da coroa reacendeu um grave debate na França sobre a fragilidade e o abandono do seu legado histórico sob o governo de Emmanuel Macron. O incidente, classificado pelo Ministério da Cultura como “organizado e fulminante”, somou-se a uma série de incêndios, furtos e vandalismos que, segundo historiadores e sindicatos, são sintomas de uma negligência sistemática do Estado.
Especialistas alertam que décadas de financiamento insuficiente e desorganização têm deixado monumentos e acervos únicos expostos à ação de criminosos e do tempo, com o líder do Reunião Nacional, Jordan Bardella, classificando o roubo como uma “humilhação nacional”. Essa negligência não se restringe aos museus; o Observatório do Patrimônio Religioso afirma que “uma igreja desaparece na França a cada quinze dias” devido a incêndios criminosos, furto e demolição, um problema que persiste mesmo após desastres como os incêndios nas catedrais de Notre-Dame (2019) e Nantes (2020).
Diante de casos recentes de roubos em outros museus (como o Museu Nacional de História Natural) e da crescente taxa de furtos e vandalismo em igrejas, especialistas concluem que, sem uma vontade política genuína, o patrimônio francês corre o risco de ser destruído “pouco a pouco”.