O governo central acumulou um déficit primário de R$ 68,7 bilhões no primeiro semestre de 2024, segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional. O resultado de junho, com um déficit de R$ 38,8 bilhões, superou as expectativas dos analistas, que previam R$ 37,4 bilhões. Este valor, ainda que inferior ao déficit de R$ 45,1 bilhões do mesmo mês no ano passado, evidencia a crescente dificuldade do governo em conter o aumento dos gastos públicos, comprometendo a meta de déficit zero para o fim do ano.
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que os resultados do primeiro semestre não afastariam o governo do cumprimento da meta fiscal. Ele explicou que as despesas sazonais, antecipadas para o início do ano, não estarão presentes nos próximos meses, o que deve ajudar a reduzir o déficit. Ceron destacou ainda o papel das receitas tributárias, especialmente a arrecadação de Imposto de Importação, IPI e Cofins, como fatores positivos no balanço fiscal. Apesar disso, a despesa total continua crescendo, impulsionada por benefícios sociais como o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
A Instituição Fiscal Independente (IFI) apontou a necessidade de um esforço por parte do governo para atingir a meta de déficit zero. Marcus Pestana, diretor-executivo da IFI, alertou que a dinâmica de crescimento das despesas, principalmente na Previdência e em benefícios sociais, precisa ser monitorada de perto. A projeção para o déficit primário em 2024 é de R$ 28,8 bilhões, valor que atinge o limite da margem de tolerância da meta fiscal.