É curioso observar como o Brasil, que se orgulha de ser uma democracia vibrante, começa a exibir traços que lembram alguns dos regimes mais polêmicos do mundo. A prisão de Jair Bolsonaro e o cerco judicial a seus aliados são apresentados como defesa do Estado de Direito, mas o modo como se desenrolam — decisões monocráticas, restrições em redes sociais, prisões preventivas prolongadas — evocam práticas que conhecemos bem em Havana, Caracas e Moscou.
Na Rússia de Vladimir Putin, opositores como Alexei Navalny foram silenciados por meio de acusações controversas, prisões arbitrárias e até envenenamentos. O objetivo, segundo críticos, era eliminar qualquer voz que desafiasse o poder estabelecido. No Brasil, não há envenenamentos, mas há quem veja um sistema que concentra poderes e submete adversários políticos a processos longos e duvidosos, cuja consistência é alvo de críticas nacionais e internacionais. A semelhança está no uso da lei como instrumento político, sempre apresentado como parte de um processo “democrático”.
Na Venezuela, Nicolás Maduro rotula opositores de “terroristas” ou “golpistas” para justificar execuções extrajudiciais e torturas. Oscar Pérez e Juan Carlos Caguaripano são exemplos trágicos de como a dissidência armada foi esmagada com violência brutal. No Brasil, não há mísseis disparados contra prédios, mas há uma narrativa oficial que retrata Bolsonaro e seus apoiadores como conspiradores permanentes, legitimando medidas excepcionais que podem ser vistas como uma corrosão das garantias constitucionais.
Em Cuba, o Partido Comunista mantém o controle absoluto por meio de detenções arbitrárias, julgamentos sumários e bloqueio de comunicações. Dissidentes são acusados de “desordem pública” ou “desacato” e recebem penas severas. O paralelo brasileiro está na criminalização de manifestações e na censura digital: quando um ex-presidente e seus apoiadores são proibidos de usar redes sociais, muitos observadores apontam semelhanças com a lógica cubana de silenciar vozes incômodas.
A diferença é que, no Brasil, tudo isso acontece sob o verniz da legalidade democrática, com a anuência silenciosa do Congresso e dos militares que juraram defender a pátria. Há eleições, há imprensa, há partidos. Mas quando ministros indicados por governos de esquerda concentram poder e decidem sozinhos sobre prisões e restrições, a independência institucional passa a ser vista como uma ficção conveniente. O cheiro de democracia vibrante, tão exaltado, começa a se confundir com o odor de regimes autoritários.
Donald Trump, ao sancionar autoridades brasileiras e impor tarifas contra o país, sinalizou que os Estados Unidos não estão cegos a esse processo. As medidas, ainda que de efeito imediato limitado, foram interpretadas como um recado: democracias não podem se dar ao luxo de perseguir opositores como se fossem inimigos do Estado. É um contraste gritante com a complacência que se observa internamente diante da erosão institucional.
Não há como invejar a “democracia” de Cuba, Venezuela ou Rússia. Mas também não há como ignorar que o Brasil, ao perseguir Bolsonaro com tanto fervor, começa a trilhar um caminho que o aproxima perigosamente desses regimes. A ironia é amarga: respiramos os mesmos ares de uma democracia que se proclama vibrante, mas que, na prática, sufoca a liberdade.
E assim, o Brasil corre o risco de se tornar aquilo que mais teme: uma democracia apenas de fachada, onde o poder se concentra em poucos e a oposição é tratada como ameaça existencial, sob qualquer desculpa e com aplausos de parte da imprensa sustentada em boa medida pelo governo petista.











