Se há algo que a esquerda brasileira tem aperfeiçoado ao longo dos anos, é a arte de desviar a culpa. Quando o assunto é segurança pública, a narrativa é sempre a mesma: a culpa é da polícia, dos usuários de droga, de Jair Bolsonaro — de qualquer um, menos dos traficantes. Essa lógica perversa não apenas distorce a realidade, como também enfraquece o combate ao crime e fortalece as facções que aterrorizam o país.
A fala recente de Lula na Indonésia é emblemática: “os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também”. A frase, que deveria causar indignação nacional, foi recebida com naturalidade por setores da esquerda que há muito tempo tratam criminosos como vítimas sociais. Nessa visão, o traficante não é um agente do mal, mas um produto da desigualdade. O resultado é um discurso que absolve o crime e criminaliza quem tenta enfrentá-lo.
Desde o início do atual governo, essa postura tem se traduzido em políticas concretas. O programa “Pena Justa” e o Pronasci II são exemplos de iniciativas que priorizam o desencarceramento e a reeducação, enquanto ignoram a urgência de medidas duras contra o crime organizado. A recepção da “dama do tráfico amazonense” no Ministério da Justiça e a recusa em classificar o PCC e o Comando Vermelho como organizações terroristas são apenas os episódios mais visíveis de uma política de conivência.
A megaoperação no Rio de Janeiro, que resultou em dezenas de mortos e feridos, escancarou essa contradição. Enquanto traficantes usavam drones com explosivos contra policiais, o governo federal negava apoio das Forças Armadas ao estado. A justificativa? Ausência de decreto de Garantia da Lei e da Ordem — um instrumento que depende exclusivamente do presidente. A oposição reagiu com veemência, lembrando que Lula não apenas se recusa a combater as facções como terroristas, como também as trata com complacência.
A PEC da Segurança, proposta pelo governo, tenta centralizar o controle das polícias estaduais em Brasília. Especialistas apontam que a medida não resolve os problemas estruturais da segurança pública, mas sim concentra poder. Enquanto isso, o governo culpa os governadores, o Judiciário limita a atuação policial nas favelas, e a população segue refém do crime. A esquerda, mais uma vez, prefere responsabilizar o sistema a enfrentar os criminosos.
O mais grave é que essa narrativa tem consequências reais. Ao transformar o traficante em vítima e o policial em vilão, o governo desmoraliza as forças de segurança e enfraquece o Estado. A criminalidade cresce, as facções se expandem, e o cidadão comum paga a conta. A esquerda pode até tentar culpar Bolsonaro, mas os fatos falam por si: o crime se fortaleceu sob a leniência de um governo que se recusa a nomear o inimigo.
É hora de romper com essa lógica e começar a construir uma política de segurança que reconheça quem são os verdadeiros culpados — e que tenha coragem de enfrentá-los. Porque, enquanto a esquerda continuar tratando traficantes como vítimas, o país seguirá perdendo a guerra contra o crime e normalizando o assassinato de policiais, que, em qualquer país respeitável, deveriam ocupar o mais alto estamento da sociedade.









