O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (9) pelo Banco Central, elevou a projeção da taxa básica de juros (Selic) para 12% em 2024, acima dos 11,75% previstos na semana anterior. A estimativa reflete a preocupação do mercado com o cenário econômico, marcado por inflação crescente e incertezas fiscais. Com a Selic atualmente em 11,25%, as projeções colocam pressão adicional sobre o Comitê de Política Monetária (Copom), que decidirá os próximos passos em reunião agendada para este mês.
Além da Selic, o relatório ajustou para cima a inflação esperada em 2024, que passou de 4,71% para 4,84%, acima do intervalo de tolerância de 4,5%. O dólar foi projetado em R$ 5,95, enquanto o PIB teve crescimento revisado para 3,39%. Embora haja sinais de crescimento econômico, especialistas como Henrique Meirelles alertam para os riscos de médio e longo prazo das medidas recentes. “O problema maior é a sustentabilidade da dívida num prazo maior”, afirmou o ex-ministro da Fazenda, que também apontou falhas no pacote fiscal apresentado pelo governo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), minimizou a reação negativa do mercado, argumentando que o governo buscaria atender não apenas ao setor financeiro, mas a toda a sociedade. Medidas como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 foram justificadas como parte de uma estratégia de justiça social, embora tenham sido criticadas por economistas por seu impacto fiscal e que podem entrar em vigor em 2026, ano eleitoral em que Haddad pode buscar a Presidência da República, caso Lula desista de concorrer.