A credibilidade da investigação contra Filipe Martins, ex-assessor da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL), passou a ser questionada por veículos internacionais. Em editorial publicado neste domingo (27), o jornal norte-americano The Wall Street Journal criticou o uso de documentos que teriam sido forjados pelas autoridades brasileiras para justificar sua prisão, defendendo que o réu deveria responder em liberdade. “Martins deveria estar em liberdade enquanto prepara sua defesa”, afirma o texto, que aponta a utilização de registros falsificados do sistema alfandegário dos EUA como base para a detenção.
O jornal menciona que as autoridades norte-americanas não esclareceram como tais registros surgiram, desapareceram e depois reapareceram nos sistemas da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP). A publicação também critica a ausência de respostas da secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, sobre o episódio. O delegado da Polícia Federal Fábio Shor, testemunha da defesa no Brasil, admitiu haver indícios de tentativa de obstrução, mas a versão da defesa de Martins sustenta que o nome na lista seria de um homônimo e que não houve tentativa de fuga.
Além de apontar irregularidades no processo, o WSJ relaciona o caso à deterioração institucional no Brasil e à crescente tensão diplomática. A publicação afirma que o episódio pode comprometer a segurança nacional dos EUA, se não for devidamente esclarecido. A respeito, o jornalista e ex-chefe da Casa Civil do RS, Cleber Benvegnú, comentou em sua conta no X, @CleberBenvegnu que: “O caso Filipe Martins, à luz do que se viu até aqui, vai consolidar-se como um dos maiores escândalos de perseguição da alta institucionalidade judicial brasileira”, reforçando a opinião de setores democráticos que questionam a independência do judiciário brasileiro.