A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), destacou nesta sexta-feira (8) que os Estados Unidos não ocupam mais a posição de principal parceiro comercial do Brasil, papel hoje exercido pela China e pelo continente asiático. A declaração foi feita durante evento em Rondônia, com a presença de Lula (PT) e do presidente da Bolívia, Luis Arce. Tebet afirmou que “os Estados Unidos não podem se enganar” e que, se a América do Sul fosse um único país, estaria à frente dos norte-americanos no comércio com o Brasil.
As falas ocorreram em um momento de atrito nas relações entre Brasília e Washington, marcado pela aplicação de tarifas de 50% a produtos brasileiros pelo governo dos EUA, que busca impor uma mudança política atendendo denúncias da oposição que tem procurado apoio internacional contra as medidas judiciais impostas contra Bolsonaro por Alexandre de Moraes. A medida foi motivada por investigações sobre práticas comerciais consideradas “desleais” e críticas à atuação do Judiciário contra o ex-presidente e plataformas digitais americanas. Nesta semana, o Itamaraty convocou o encarregado de negócios Gabriel Escobar para manifestar “profunda indignação” com postagens do Departamento de Estado e da embaixada americana em apoio ao ministro Alexandre de Moraes, que recentemente determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro.
Durante a agenda no Norte, Tebet também reforçou projetos de integração regional com apoio da China, citando uma ferrovia que ligaria os oceanos Atlântico e Pacífico pelo território sul-americano. Ela aproveitou para defender a retirada da castanha processada do Acre da lista de produtos atingidos pelas tarifas, lembrando que a castanha in natura já havia sido isentada. “Essa é a castanha que a gente vai lutar para tirar do tarifaço”, disse, destacando o impacto da medida sobre cooperativas que geram emprego na região, especialmente para mulheres.