O procurador da República Hebert Mesquita afirmou que há poucas chances de que os aposentados lesados pelas fraudes no INSS consigam recuperar os valores desviados. Responsável pelo inquérito principal da Operação Sem Desconto, Mesquita destacou que os criminosos esvaziaram rapidamente os cofres, o que impede o rastreamento e bloqueio dos recursos. “É possível que muitos credores não vejam esse dinheiro, se depender do ressarcimento dos criminosos”, declarou ao jornal O Estado de S. Paulo.
A investigação principal, que tramita na 15.ª Vara Federal do Distrito Federal, mira diretamente servidores do INSS e apura crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Relatórios do Coaf apontam movimentações financeiras suspeitas ligadas a entidades associadas ao esquema, algumas com laços antigos com setores da esquerda. Segundo Mesquita, há suspeita de que integrantes de determinadas entidades tenham realizado pagamentos ilícitos, embora ainda não haja comprovação de propina generalizada.
O nome do ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto está entre os investigados, e o eventual envolvimento dele dependerá da análise de documentos apreendidos. Já o ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), não aparece, até o momento, com movimentações suspeitas nos relatórios. Mesquita criticou a omissão institucional diante das denúncias: “O INSS insistia que os acordos eram válidos e o sistema, legítimo”, afirmou, mencionando que os alertas foram ignorados até 2024, quando o escândalo ganhou visibilidade.