O Projeto de Lei que propõe anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro superou o número mínimo de assinaturas para tramitar com urgência na Câmara dos Deputados. Liderado pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o movimento reuniu 257 apoios, incluindo nomes de partidos com cargos no governo Lula, como MDB, União Brasil e PSD. A coleta das assinaturas foi feita individualmente, sem passar pelo colégio de líderes, estratégia que permitiu contornar resistências no Centrão. Com isso, a proposta poderá ir direto ao plenário, caso a urgência seja aprovada.
O PT de Lula, favorável à condenação de manifestantes reagiu à articulação com críticas internas e externas. O líder da legenda na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), declarou que cobrará explicações de ministros e aliados do governo que assinaram o requerimento. Para ele, o avanço do projeto representa uma “crise institucional” e evidencia a falta de unidade na base aliada: “Não é razoável que pessoas com funções importantes no governo apoiem essa proposta”, afirmou o parlamentar, defendendo uma reavaliação do apoio político dentro do Executivo.
Mesmo com o requerimento pronto, a tramitação depende de movimentações futuras na Casa. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), está no exterior e não marcou a reunião de líderes, transferindo a condução dos trabalhos ao vice-presidente Altineu Côrtes (PL-RJ), que já adiantou não tomar decisões sobre o tema. Nos bastidores, o apoio de governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Ronaldo Caiado (União) tem sido apontado como decisivo para o avanço da pauta, enquanto manifestações recentes, como a da Avenida Paulista, foram vistas como forma de pressionar o Congresso.