Sim, mas vai doer. Este escândalo de roubo no INSS não foi o primeiro e não será o último enquanto não enfrentarmos o problema dessa previdência falida e aparelhada. Quem não se lembra do caso de Jorgina de Freitas e sua quadrilha de estelionatários que, nos anos 90, desviaram 310 milhões de dólares dos cofres da Previdência? O rombo agora foi de 6 bilhões.
Embora já tenhamos entrado com projeto na Câmara para proteger os aposentados de descontos indevidos, trata-se apenas de paliativo, por isso criamos o Plano Brasil, que propõe mudanças inclusive no sistema previdenciário, cuja reforma há alguns anos não passou de remendo emergencial.
O mais grave é que esse sistema propõe ao indivíduo um pacto macabro: vender sua alma em troca da esperança de algum retorno em vida, sem saber quando, quanto e por quanto tempo. O governo demoníaco aposta que você viverá menos, pois assim ele terá que pagar menos. O cidadão, diante do próprio diabo, tem a ilusão de que viverá mais para desfrutar o dinheiro que confiou ao governo para que este cuidasse, mas ele não o fez.
Encarar as duras verdades é necessário para tirar a previdência do buraco e começar a respeitar o direito de todos os cidadãos: eliminar contribuições sociais obrigatórias, reduzindo a carga para trabalhadores e empresários; elaborar um sistema de previdência com base na capitalização individual, similar ao FGTS, em que se possa sacar a qualquer tempo.
Aqueles que não têm capacidade contributiva poderão ser transferidos para os planos de assistência social dos estados, que estão mais próximos e conhecem as necessidades locais. Por último, é preciso garantir liberdade de escolha e acumulação, sem tributação para aqueles que optarem por não contribuir ou que desejem acumular mais de uma previdência.
Estamos caminhando a passos largos para o fim da Previdência, ou o nosso. Se não tomarmos uma atitude firme para coibir os abusos que este governo comete e certamente vai continuar cometendo, o povo vai continuar com a ilusão da aposentadoria.