O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou que a Polícia Federal ouça os advogados Fábio Wajngarten e Paulo Costa Bueno no âmbito de um inquérito que apura possíveis tentativas de obstrução às investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. A decisão foi tomada após a PF apontar que ambos teriam feito investidas junto a familiares do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, com o objetivo de influenciar sua colaboração com a Justiça. A medida amplia o foco do inquérito, que já envolvia o advogado Eduardo Kuntz e o ex-assessor presidencial Marcelo Câmara.
Segundo relatório da PF, o conteúdo de um celular ligado à filha de Mauro Cid revelou mensagens que indicariam tentativas de contato de diversos advogados ligados à defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com a família do delator. Em documento enviado ao Supremo, a PF afirmou que Fábio Wajngarten “fez intensa tentativa de falar com a família e com Mauro Cid”. Já Paulo Costa Bueno foi citado como um dos presentes em uma abordagem direta à mãe de Cid durante um evento social, segundo depoimento apresentado no processo.
Kuntz, por sua vez, sustenta que apenas respondeu a uma solicitação de Mauro Cid e que sua atuação tinha como objetivo uma “investigação defensiva” para seu cliente, Marcelo Câmara. O advogado chegou a entregar ao STF conversas com Cid por meio do Instagram e alegou que o ex-ajudante de ordens se sentiu pressionado a firmar o acordo de delação. Apesar disso, Moraes determinou a prisão de Câmara, apontando violação de medida cautelar ao manter contato, ainda que por terceiros, com outros investigados.