Nesta segunda-feira (29), protestos massivos tomaram as ruas da Venezuela após a controversa reeleição de Nicolás Maduro, que já havia alertado para um possível “banho de sangue” caso não fosse reeleito. As manifestações, organizadas de forma espontânea, foram reprimidas violentamente por forças armadas e grupos paramilitares leais ao governo, resultando na morte de vários manifestantes, incluindo alguns baleados na face e no peito, cumprindo a promessa de Maduro de reprimir duramente os dissidentes que contestarem o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado por ex-membros do partido do governo.
A chefe de campanha do candidato mais votado (segundo contagens cidadãs), María Corina Machado, contestou os resultados oficiais, afirmando possuir 73% das atas de votação que demonstrariam uma vitória esmagadora de Edmundo González Urrutia, candidato da oposição. Em resposta à crescente tensão, Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional e chefe de campanha de Maduro, convocou os apoiadores do governo para marchas em defesa do regime, alegando que um suposto ataque cibernético impediu a transmissão completa dos resultados eleitorais. “O único boletim e o único resultado que deva respeitar-se é o que emita o CNE”, declarou Rodríguez.
Enquanto isso, a situação se agrava com a presença de coletivos paramilitares fortemente armados, que cercaram a Embaixada da Argentina, onde membros da equipe de María Corina Machado buscaram refúgio. Até o Partido Comunista de Venezuela expressou apoio à oposição, condenando o que chamam de tentativa de Maduro de suprimir os direitos democráticos dos cidadãos. A Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou uma reunião urgente para debater a situação na Venezuela, que parece se aproximar de uma guerra civil.