Em reunião com governadores no Palácio do Planalto, Lula da Silva (PT) confirmou que facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, já têm influência em eleições em diversos estados, elegendo vereadores e, possivelmente, indicando pessoas para cargos importantes nas instituições. Lula enfatizou o risco de infiltração do Judiciário por membros dessas organizações, descrevendo a situação como “quase incontrolável” sem uma ação coordenada entre os Poderes. Segundo ele, é urgente discutir temas como o sistema prisional e a base de dados que cada estado possui.
Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), envolveu-se recentemente em uma polêmica ao afirmar que o PCC teria orientado votos em favor do candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), durante o segundo turno. De acordo com Tarcísio, comunicados interceptados pela Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo demonstrariam que membros do PCC orientaram seus familiares e aliados em várias cidades a votarem em Boulos. “A gente vem alertando isso há muito tempo. Fizemos um trabalho grande de inteligência, trocando informações com o Tribunal Regional Eleitoral para que providências sejam tomadas”, afirmou o governador.
Após as declarações de Tarcísio, Boulos entrou com uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), acusando o governador de abuso de poder político e de uso indevido dos meios de comunicação. A campanha de Boulos ainda apresentou uma notícia-crime ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob a relatoria do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal. A Justiça Eleitoral, por sua vez, declarou que não tem conhecimento de qualquer orientação de voto vinda do PCC em favor de Boulos, segundo a assessoria do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). O caso segue em análise, com possível recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).