O Irã anunciou nesta quarta-feira (18/06/2025) o bloqueio total do acesso à internet em todo o seu território, alegando que Israel estaria utilizando a rede de comunicação para “fins militares” e para ameaçar a população. A medida ocorre em um cenário de crescentes ataques israelenses contra alvos militares e instalações nucleares iranianas, intensificando um conflito que se arrasta há seis dias.
A decisão foi comunicada pelo Ministério das Comunicações do Irã, que justificou a ação afirmando que o “uso indevido da rede de comunicações do país pelo agressor” levou à imposição de “restrições temporárias” ao acesso dos usuários. A empresa NetBlocks, especializada em monitoramento de comunicações em zonas de conflito, confirmou um “apagão quase total da internet em todo o país”, após uma série de interrupções parciais.
Além do corte de internet, Teerã também acusou Israel de um ataque hacker contra a transmissão de TV iraniana. A agência Tasnim, afiliada à Guarda Revolucionária, relatou “interrupções de satélite” durante a programação de notícias, com imagens contra o regime iraniano sendo exibidas. Um grupo hacker pró-Israel já reivindicou a autoria de um ataque cibernético recente que comprometeu um banco iraniano e afetou postos de gasolina.
O governo iraniano tem histórico de restringir o acesso a sites e mídias sociais, como Facebook e Instagram, com muitos cidadãos recorrendo a VPNs para contornar a censura. No entanto, usuários relataram bloqueios intermitentes também nos serviços de VPN nesta terça-feira. No dia anterior, o Irã já havia imposto uma das mais severas restrições dos últimos anos, reduzindo em 80% a banda larga em todo o país, em resposta a supostas “operações secretas israelenses”.
A escalada das tensões tem gerado apreensão internacional, especialmente quanto à postura dos Estados Unidos. O presidente americano, Donald Trump, questionado nesta quarta-feira sobre a possibilidade de ordenar um ataque às instalações nucleares iranianas, declarou: “Posso fazer. Posso não fazer. Ninguém sabe o que vou fazer”.
Trump também revelou ter incentivado o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a “continuar” com a campanha militar no Irã durante uma conversa telefônica. O secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, afirmou que as Forças Armadas dos EUA estão “preparadas para executar” qualquer decisão que Trump possa tomar em questões de guerra e paz.
A situação atual é a mais recente em uma série de incidentes cibernéticos e tensões entre Irã e Israel. No passado, o Irã já sofreu ataques cibernéticos contra sua infraestrutura, incluindo postos de gasolina, sistema ferroviário e indústrias. O país, inclusive, desconectou grande parte de sua infraestrutura governamental da internet após o vírus Stuxnet, considerado uma criação conjunta dos EUA e Israel, interromper centrífugas iranianas em instalações nucleares. A preocupação agora é que a recente escalada leve a um conflito ainda maior, com o potencial uso de armas nucleares.