Uma investigação liderada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelou vínculos financeiros entre o Cartel de Sinaloa, um dos maiores cartéis de narcotráfico do mundo, e a campanha presidencial de Andrés Manuel López Obrador em 2006.
Segundo os relatórios divulgados, o cartel teria contribuído com entre 2 e 4 milhões de dólares para a campanha eleitoral do líder esquerdista mexicano naquele ano, quando López Obrador enfrentou o oponente de centro direita Felipe Calderón, resultando em uma estreita derrota por uma diferença de 0,6 pontos percentuais.
Embora a investigação tenha se concentrado na campanha de 2006, o Ministério Público Federal do Distrito Sul de Nova York afirmou que ainda está pendente investigar os possíveis fundos ilícitos utilizados nas eleições de 2012 e 2018, onde López Obrador também participou como candidato presidencial.
O relatório, que estava enterrado em milhares de documentos relacionados a uma extensa investigação liderada por várias agências dos Estados Unidos, foi resgatado pela jornalista Anabel Hernández, especializada em temas de narcotráfico para o meio de comunicação alemão DW.
Entre os supostos implicados mencionados por Hernández estão membros do cartel como Arturo Beltrán Leyva, conhecido como “El Barbas”, morto pelas autoridades em 2009, e Edgar Valdez Villarreal, conhecido como “La Barbie”, atualmente detido em uma prisão de segurança máxima nos Estados Unidos.
Essas revelações se somam a investigações anteriores que sugerem a presença do Cartel de Sinaloa em estados governados pelo Morena (Movimiento de Regeneración Nacional), o partido do presidente López Obrador. Além disso, especula-se que o objetivo do grupo criminoso era obter proteção e ter influência na nomeação do procurador-geral da República caso Obrador saísse vitorioso.
Embora as acusações tenham sido objeto de atenção nesses últimos dias, a mesma acusação (muitas vezes comprovada) de financiamento a campanhas eleitorais de políticos mexicanos por parte do narcotráfico essa situação evidencia que não é um problema localizado no presidente atual, senão um problema generalizado da política do México.