O Governo Federal admitiu nesta terça-feira (20) que não irá corrigir toda a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), medida que foi apresentada como um dos grandes marcos da campanha de Lula (PT) em 2022. Segundo o secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, a correção total custaria mais de R$ 100 bilhões por ano, valor que o governo alega não poder arcar. “Corrigir a tabela toda ia custar mais de R$ 100 bilhões, não temos condições de fazer isso”, afirmou o secretário em audiência no Congresso.
A proposta enviada pelo Executivo prevê isenção para quem recebe até R$ 5 mil mensais e um benefício parcial para salários entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. A partir dessa faixa, a tabela atual seguirá aplicada, sem qualquer reajuste pela inflação — que, segundo nota técnica do Dieese, gerou uma defasagem de 154,67% desde 1996. Assim, grande parte da classe média, que Lula disse pretender beneficiar, seguirá com a carga tributária inalterada, contrariando o discurso de justiça fiscal promovido pelo Planalto.
Para tentar viabilizar parte da proposta, o governo pretende aumentar a taxação sobre contribuintes com rendas acima de R$ 50 mil por mês. Ao mesmo tempo, o projeto limita a cobrança de impostos sobre dividendos, com teto de 34% para empresas e 45% para instituições financeiras. O texto será relatado pelo deputado, Arthur Lira (PP-AL), e já enfrenta críticas por limitar os benefícios apenas à base da pirâmide salarial, ignorando as demais faixas atingidas pela defasagem fiscal.
