A disputa interna pela presidência do PT revelou um racha profundo dentro da principal corrente do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB), colocando os petistas Gleisi Hoffmann e Lula em lados opostos. Enquanto a presidente do partido apoia a candidatura do deputado federal José Guimarães, Lula se alinha a Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara, apoiado também por figuras de peso como José Dirceu e Fernando Haddad. Essa divisão ameaça a unidade da CNB, que até então dominava tanto a direção nacional quanto os diretórios estaduais do partido.
O impasse aumentou após Lula sugerir a antecipação da eleição para a presidência do partido, originalmente prevista para maio, durante uma reunião interna. “Por que a eleição tem que ser no meio do ano? Não dá para antecipar?”, teria perguntado o líder petista, mostrando seu interesse em acelerar o processo. O grupo de Gleisi, que também inclui o “grupo nordestino”, argumenta que o desempenho do PT nas eleições municipais no Nordeste é uma forte justificativa para apoiar a candidatura de Guimarães, mesmo sem o apoio de líderes regionais influentes como Jaques Wagner e Camilo Santana.
Outro ponto de atrito é a derrota de Edinho Silva em Araraquara, onde não conseguiu eleger sua sucessora. O grupo de Gleisi usou o fracasso eleitoral como argumento contra sua candidatura, enquanto Lula e seus aliados continuam confiando em Edinho para fortalecer o grupo político de Fernando Haddad, refletindo também divergências ideológicas mais amplas, como as posições de Gleisi contra as medidas de econômicas de Haddad, ampliando o fosso entre os dois principais líderes do PT.