O dólar dos Estados Unidos alcançou a marca dos R$ 5 durante a última quarta-feira (27), em um movimento que se acentuou ao longo do dia. Esse aumento ocorre devido a uma maior cautela nos mercados internacionais, impulsionada pela percepção de que as taxas de juros permanecerão altas por mais tempo nas economias desenvolvidas, especialmente nos Estados Unidos. Como resultado, a moeda norte-americana encerrou o dia em R$ 5,047 na compra e R$ 5,048 na venda, registrando o seu maior valor desde maio, após atingir R$ 5,08. A última vez que o dólar ultrapassou os R$ 5 foi em agosto, mas seu fechamento nesse patamar remonta a junho.
Esse movimento de alta foi intensificado pelo aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos e pelas preocupações com uma possível paralisação parcial do governo dos EUA. O presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Kevin McCarthy, rejeitou um projeto de lei de financiamento provisório, aproximando o país de sua quarta paralisação parcial do governo em uma década. Além disso, as preocupações com juros mais altos em economias importantes e com a situação econômica da China contribuem para esse cenário.
Operadores do mercado cambial explicam que a alta do dólar foi impulsionada por fatores técnicos, como ordens automáticas de compra acionadas quando a moeda superou os R$ 5. A taxa de câmbio Ptax, calculada pelo Banco Central, também teve influência, já que agentes financeiros a ajustam de acordo com suas estratégias. Especialistas indicam que a alta do dólar reflete a percepção de que os juros nos Estados Unidos permanecerão elevados por um longo período, além das preocupações com o lado fiscal, como a questão dos precatórios e o impacto nas contas públicas.
Em relação às declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na Câmara dos Deputados, analistas afirmam que essas não tiveram grande impacto no mercado, uma vez que o movimento da sessão foi influenciado principalmente pelo fim do mês e do trimestre. O Federal Reserve dos Estados Unidos sinalizou a intenção de manter taxas de juros mais altas para combater a inflação, o que tem levado à valorização do dólar em relação a outras moedas fortes. Isso acontece porque os investidores veem os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA como mais atraentes em comparação com títulos de mercados emergentes, que têm maior risco.