O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) busca reafirmar sua identidade e direcionamento sob a liderança do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. No entanto, a sombra do deputado federal Aécio Neves (MG) paira sobre o partido, levantando dúvidas sobre o futuro e a coesão interna da legenda.
O seminário nacional intitulado “Diálogos Tucanos”, comandado por Eduardo Leite, que tinha o objetivo de apresentar as diretrizes do partido e sua nova marca, acabou por destacar a presença de Aécio Neves. Para muitos presentes no evento, a ovacionada recepção a Aécio ressaltou a possibilidade de que ele retorne ao protagonismo no partido e possa até mesmo superar Eduardo Leite em termos de liderança.
DUELO DE LIDERANÇAS
O embate de lideranças internas não é algo novo no PSDB, mas a ressurgência de Aécio Neves como figura influente após sua absolvição das denúncias de corrupção agrega um novo capítulo a essa história. Muitos observadores acreditam que Aécio, um nome já familiar à política nacional, poderia ocupar o espaço de candidato presidencial em 2026, após ter sido derrotado por uma margem estreita nas eleições de 2014.
Eduardo Leite, por sua vez, enfrenta problemas para consolidar seu nome como opção presidencial, já que foi derrotado nas prévias presidenciais de 2022 pelo ex-governador de São Paulo, João Doria, tendo Leite o desafio de lutar para construir uma base sólida de apoio dentro do partido, antes de se apresentar como candidato numa corrida que possivelmente terá nomes destacados favoráveis a Bolsonaro (PL) e Lula (PT).
O ENALTECIMENTO DE AÉCIO
Durante o evento, o próprio Eduardo Leite quebrou o protocolo ao elogiar Aécio Neves em seu discurso de abertura. Esse gesto, que pode ser interpretado como uma tentativa de reaproximação entre as duas alas do partido, ressalta a complexidade da relação entre as lideranças tucanas.
Leite também demonstrou seu apoio ao incorporar aliados de Aécio Neves em posições-chave no partido, como o ex-deputado João Almeida e o deputado federal Paulo Abi-Ackel. Essa movimentação pode ser vista como um esforço para apaziguar as tensões e garantir uma coesão interna em um momento decisivo para o PSDB.
DECLÍNIO TUCANO NO CONGRESSO
Nos últimos anos, o PSDB tem enfrentado um declínio em sua representação no Congresso, logo depois de ter uma das maiores bancadas. O partido tucano viu sua presença encolher drasticamente, passando de 50 deputados em pleitos anteriores para apenas 13. A escolha de apoiar Simone Tebet (MDB) nas eleições de 2022, após a desistência de João Doria, não se mostrou suficiente para reverter essa tendência.
À medida que o partido tenta se reinventar, a figura de Aécio Neves surge como um elemento de incerteza e possibilidade. A recente absolvição do deputado federal de acusações de corrupção renovou seu status dentro do partido e alimenta especulações sobre seu papel nas futuras eleições, enquanto Leite continua apostando a sua própria imagem para vender uma opção anti-bolsonarista e anti-petista para o eleitorado que acredita ainda na existência de uma opção diferente da esquerda e da direita.