De acordo com o relatório do Sistema Integrado de Monitoramento de Cultivos Ilícitos (SIMCI) do escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), apresentado ontem em Bogotá, os cultivos de folha de coca na Colômbia registraram um aumento de 13% no ano passado. A cifra subiu de 204.000 hectares em 2021 para 230.000 em 2022, levantando preocupações sobre o crescimento do narcotráfico no país sul-americano.
O relatório revela que o maior aumento ocorreu nos departamentos de Putumayo, Norte de Santander e Nariño, que agora abrigam 65% de todos os cultivos de coca no país. Norte de Santander, lar do Catatumbo, o maior enclave de cultivos de coca ancestral, conta com cerca de 28.000 hectares plantados. Em particular, Tibú, no Catatumbo, é responsável por 22.000 hectares, seguido por Tumaco (Nariño) e Puerto Asís (Putumayo).
Essas áreas, além de serem as mais afetadas pelo aumento dos cultivos ilícitos, também sofrem com a presença de grupos armados ilegais, como o Clan del Golfo e dissidências das FARC, o que complica ainda mais a situação.
Paralelamente, foi identificado um aumento de 24% na produção de cloridrato de cocaína, o que equivale a cerca de 1.738 toneladas da substância. Segundo Candice Welsch, representante regional da UNODC para a região andina e o Cone Sul, essa tendência se deve ao foco dos grupos ilegais em gerar dinheiro em vez de manter o controle territorial, facilitando a produção e o tráfico, especialmente nas fronteiras terrestres e marítimas de Nariño, Catatumbo e Putumayo.
Esses dados alarmantes surgem pouco depois da Conferência Latino-Americana e do Caribe sobre Drogas, realizada em Cali de 7 a 9 de setembro, onde os governos do México e da Colômbia concordaram em mudar o enfoque na luta contra o tráfico e o consumo de drogas. A nova estratégia, planejada para os próximos 10 anos, busca reduzir a produção de cocaína em 40% nos próximos três anos e apoiar 50.000 das aproximadamente 115.000 famílias que dependem do cultivo de coca, com o objetivo de direcionar suas atividades para a economia legal.
Desde que assumiu a presidência em agosto de 2022, Gustavo Petro tem defendido a mudança de paradigma na guerra contra as drogas, pedindo o fim da criminalização dos cultivadores e focando no combate às organizações criminosas. “Colômbia e México somos as maiores vítimas dessa política antidrogas, que provocou um genocídio em nossa América Latina”. Essa mudança de foco visa abordar as causas fundamentais do narcotráfico em vez de recorrer a medidas coercitivas.