O Banco Central indicou que um novo aumento da Selic poderá ser necessário devido ao adiamento de cortes de despesas pelo governo federal. De acordo com o Comitê de Política Monetária (Copom), o cenário atual eleva as expectativas de inflação e a percepção de risco do mercado financeiro, o que pressiona o BC a adotar uma política monetária mais rígida para conter a inflação. A taxa básica, que subiu para 11,25% em novembro, tende a continuar em alta se os ajustes fiscais não forem concretizados.
Relatório do Itaú Unibanco publicado na segunda-feira (11) sugere que são precisos ao menos R$ 60 bilhões em cortes para que o mercado confie nas metas fiscais do governo. Segundo Thales Guimarães, analista do banco, cortes de R$ 25 bilhões em 2025 e R$ 35 bilhões em 2026 seriam essenciais para a “sustentabilidade do arcabouço fiscal”. A manutenção de gastos elevados, mesmo com o aumento da arrecadação, eleva a possibilidade de descontrole nas contas públicas, aumentando a instabilidade econômica e o custo do crédito.
O Copom reforçou que o prolongamento do ciclo de alta de juros pode ser evitado caso o governo adote medidas fiscais consistentes, especialmente para conter a pressão inflacionária causada pela alta do dólar e dos preços de alimentos. O BC destacou ainda que um plano fiscal transparente e previsível é essencial para ancorar as expectativas e reduzir o prêmio de risco dos ativos. A decisão de manter uma política monetária mais restritiva, segundo o comitê, visa estabilizar preços e proteger o poder de compra da população.