O Brasil, hoje, é um avião em queda livre sob o comando de um piloto que se recusa a ler os instrumentos e prefere voar em meio a turbulências e furacões, sem se importar com os passageiros que dependem de suas decisões. Enquanto Lula insiste em retóricas orgulhosas e desafiadoras, o mundo observa a aproximação inevitável com o solo duro da realidade geopolítica. Donald Trump impôs uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros — uma medida dura, sim, mas também um aviso claro: ou o Brasil retoma os trilhos do Estado de Direito e da liberdade de expressão, ou será tratado como aquilo que está se tornando — um satélite ideológico de ditaduras “cumpanheiras” como Venezuela, Cuba e Irã.
Lula e seus ministros classificaram a decisão de Trump como um blefe, uma bravata que poderia ser revertida com algum jogo de cintura diplomático. A realidade, no entanto, tem sido bem diferente. Foram seis meses de tentativas frustradas de contato com Washington, dezenas de reuniões com funcionários de escalão intermediário e portas sistematicamente fechadas. Ao se recusar a reconhecer os sinais emitidos pelo governo dos Estados Unidos, Lula mergulhou o país em um isolamento internacional perigoso e inédito desde os tempos de Hugo Chávez.
O que está em jogo não são apenas tarifas. Trata-se da exigência, cada vez mais clara por parte das democracias consolidadas, de que o Brasil encerre a perseguição sistemática a opositores, restabeleça a liberdade plena de expressão nas redes sociais e permita que seu Judiciário atue com independência real. Ignorar esses pontos é recusar a reintegração ao bloco das democracias liberais e preferir o abraço sufocante de regimes autoritários — o mesmo caminho trilhado por Cuba, Nicarágua e, especialmente, a Venezuela, hoje o maior fornecedor de refugiados da América Latina.
A postura do governo Lula parece guiada mais por ressentimento ideológico do que por racionalidade diplomática. Quando o ministro Fernando Haddad compara o ex-presidente Jair Bolsonaro a um cão abanando o rabo para os EUA, ele não apenas perde a compostura institucional — revela, sobretudo, um projeto político que desconsidera os interesses econômicos do país, desde que possa manter o controle interno do poder a qualquer custo. Essa narrativa é perigosa, pois transforma uma crise comercial em trincheira ideológica, onde quem paga a conta são os cidadãos comuns — produtores, exportadores e consumidores.
Enquanto isso, o silêncio de Trump diante das tentativas de diálogo é eloquente. A Casa Branca parece já ter decidido que não há com quem negociar em Brasília. A retórica de “não vamos abaixar a cabeça” soa vazia diante de um Brasil que perde espaço nos mercados internacionais, vê seus diplomatas ignorados e sua imagem deteriorada a ponto de ser classificado, nas entrelinhas, como um parceiro pouco confiável. Pior: o governo insiste em regular redes sociais sob o pretexto de combater o ódio — mas, na prática, a medida tem sido usada para censurar adversários políticos.
Lula tenta vender ao mundo a imagem de estadista conciliador, mas age como um líder sitiado, temeroso da volta de um governo de direita e relutante em permitir qualquer abertura institucional que possa pavimentar esse caminho. As ameaças de sanções não o fazem recuar — ao contrário, o governo segue dobrando a aposta, alimentando um clima de “nós contra eles” que aprofunda o abismo entre o Brasil e seus antigos aliados democráticos.
O resultado é um país paralisado, com um governo que fala sozinho e uma diplomacia que já não constrói pontes. O Brasil não está apenas em rota de colisão com os Estados Unidos — está em uma trajetória de autodestruição silenciosa, alimentada por uma ideologia ultrapassada que prioriza o controle político em detrimento do bem-estar da população. Quando Lula afirma não temer os EUA, o que realmente demonstra é medo da democracia plena, do contraditório e da alternância de poder.
Afivelem os cintos. O Brasil está num voo desgovernado, conduzido por um piloto que se recusa a ouvir o controle de tráfego internacional. Não será um pouso suave, mas talvez seja a oportunidade de tocar o chão e aprender por que jamais se deve entregar os comandos de uma aeronave a alguém que não se importa com os passageiros.