O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou no último domingo (16) que o governo federal iniciará o combate a médicos que lucram disseminando alegações sobre a chamada “spikeopatia” ou “síndrome pós-spike”, uma condição que, segundo eles, resultaria em doenças crônicas após a imunização de reforço contra a Covid-19, mas que carece de qualquer validação científica.
A pasta, em coordenação com a Advocacia-Geral da União (AGU), representada por Jorge Messias, anunciou que irá mover ações legais contra a desinformação. Padilha foi categórico em sua rede social, afirmando que, diferente de gestões passadas, o atual governo não será tolerante com o negacionismo que coloca a população em risco e, ainda por cima, é monetizado.
Essa postura surge após reportagem do Estadão expor que médicos estão comercializando consultas caras e protocolos de tratamento sem base científica para a suposta síndrome. A teoria desses profissionais baseia-se na crença de que a proteína spike das vacinas de RNA mensageiro permaneceria no corpo por tempo indeterminado, gerando as doenças. O Ministério da Saúde, contudo, já desmentiu essa premissa em nota oficial.
Os procedimentos legais contra a conduta desses profissionais de saúde devem ser formalmente iniciados a partir desta segunda-feira (17).
Pesquisas internacionais
O consenso científico oficial é que as vacinas de mRNA ensinam nossas células a produzir a proteína spike do coronavírus de forma inofensiva e temporária, e essa proteína e o material genético da vacina são rapidamente eliminados pelo corpo em dias ou poucas semanas. O objetivo é apenas treinar o sistema imunológico. Instituições de saúde globais e nacionais sustentam que os benefícios das vacinas são vastamente superiores a quaisquer riscos, e que a ideia de uma doença crônica causada por sua persistência não é comprovada.
No entanto, há uma linha de pesquisa internacional que investiga a possibilidade de que a proteína spike – tanto a gerada pelo vírus em uma infecção, quanto a produzida pela vacina – possa persistir em alguns tecidos por um período mais longo, que pode ser de meses. Alguns estudos sugerem que essa permanência, mesmo que em níveis baixos, poderia estar ligada a inflamações raras (como a miocardite) ou ser um fator contribuinte em sintomas crônicos.
É crucial entender que essas descobertas representam a área de debate da ciência e não pode refletir o posicionamento majoritário das autoridades de saúde sobre a segurança geral das vacinas.








