Em carta a Trump, Lula reclama de tarifas sem mencionar censura e perseguição política

Redação 011
5 Min
Em carta a Trump, Lula reclama de tarifas sem mencionar censura e perseguição política
foto: reprodução

O governo Lula (PT) enviou uma nova carta aos Estados Unidos solicitando a retirada das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, mas sem enfrentar os motivos reais que levaram à medida adotada por Donald Trump. No texto, assinado por Geraldo Alckmin (PSB) e Mauro Vieira, o Planalto expressa “indignação” com as taxas que passam a valer em 1º de agosto, e afirma que tem buscado diálogo para “preservar” a relação bilateral. A comunicação, no entanto, se limita a uma abordagem protocolar, sem oferecer respostas concretas às preocupações norte-americanas.

Apesar de alegar boa-fé nas negociações e mencionar o envio de uma proposta confidencial em maio, o governo brasileiro ignora completamente as causas profundas do desgaste com os EUA. Entre os fatores omitidos estão o agravamento da crise institucional no país, o avanço de medidas de censura, inclusive contra redes sociais americanas, e a perseguição política a opositores do governo, com apoio do STF.

No documento, não há qualquer sinal de disposição por parte do governo Lula em tratar dessas questões centrais, o que reforça a percepção de que a carta serve apenas para ganhar tempo e simular disposição para negociar. A ausência de uma autocrítica sobre o cenário interno, marcado por abusos judiciais, censura a vozes dissidentes e a chamada “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro e seus aliados, mina a credibilidade da diplomacia brasileira diante dos EUA. Ao evitar discutir esses pontos, o Planalto perde a oportunidade de reconstruir a confiança bilateral e combater os reais motivos que levaram às sanções, o que poderia levar à população brasileira a pagar o custo da falta de liberdade e de disposição do governo petista para trazer um fôlego à economia.

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Leia a carta na íntegra:

  1. “O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas”.
  2. “Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano”.
  3. “Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas”.
  4. “O Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta.
  5. “Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral”.

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