Apesar das evidências de fraude nas eleições presidenciais de 2024, o regime de Nicolás Maduro realizou neste domingo (25) novas eleições legislativas e regionais sob o mesmo modelo eleitoral com parte dos partidos da oposição participando. Os venezuelanos escolheram 285 deputados da Assembleia Nacional e cargos estaduais, incluindo governadores e representantes da região de Essequibo, alvo de disputa territorial com a Guiana. A falta de garantias mínimas, já criticada anteriormente, levou o Partido Comunista da Venezuela a se retirar do processo, classificando-o como uma “farsa eleitoral”.
A oposição, dividida e enfraquecida, encara o pleito com discursos distintos. Henrique Capriles, ex-governador e ex-candidato à presidência, incentivou a população a votar como forma de resistência. “Devemos usar o voto como o instrumento mais claro que temos para rejeitar tudo o que aconteceu e aqueles que sequestraram a soberania popular”, afirmou em sua rede social. Em 2020, a principal coalizão opositora boicotou as eleições, o que resultou na hegemonia chavista de 90% da Assembleia Nacional e o controle de 19 dos 24 governos estaduais.
Maduro, por sua vez, reforçou o chamado ao comparecimento nas urnas em rede nacional, buscando legitimar o processo como avanço da Revolução Bolivariana. Entretanto, o histórico de repressão violenta levanta novos alertas. Após a reeleição de 2024, ao menos 24 manifestantes foram mortos pelas forças de segurança e milícias pró-regime, segundo a Human Rights Watch. A diretora da ONG para as Américas, Juanita Goeberts, afirmou: “O governo venezuelano assassinou, torturou, deteve e fez desaparecer pessoas que lutaram pela democracia”.
