Neste domingo, o segundo turno das eleições presidenciais na Argentina é disputado por Javier Milei, candidato libertário, e a continuidade oficialista liderada por Sergio Massa, vislumbra-se uma incerteza na solução à crise econômica à que o país vem sendo submetido.
A diferença cambial, a fragilidade das reservas do Banco Central e a estagnação na importação destacam-se entre os problemas mais urgentes. Além disso, medidas para conter a inflação sem afetar o já complexo panorama socioeconômico, reformas fiscais, decisões sobre os passivos do Banco Central e a estratégia diante dos vencimentos da dívida pública e a renegociação com o Fundo Monetário Internacional, apresentam-se como desafios imediatos a ser resolvidos urgentemente.
Membros da elite empresarial (chamada muitas vezes de “Círculo Rojo” ou círculo vermelho, pela sua tradução) destacam as diferenças entre os candidatos, admitindo que ambos têm propostas distintas. Um participante expressou esta semana: “São os candidatos que temos, não são os melhores, mas é o que temos. Os dois têm ideias muito diferentes, mas quem vencer precisará de consenso, sim ou sim, porque a eleição está muito acirrada.”
Independentemente do resultado eleitoral, a semana após a eleição será crucial. A atenção está especialmente voltada para a política cambial. O Banco Central, após três meses, descongelou a taxa de câmbio oficial e comprometeu-se a atualizá-la abaixo da inflação até o final do ano.
O plano de Milei, em caso de vitória, implica um processo de transição com o governo atual antes de abordar temas-chave, como a dolarização. Em contraste, a derrota do oficialismo, segundo o mercado, poderia gerar uma demanda maciça de cobertura cambial diante da possibilidade de eliminar a moeda local.
Os cenários pós-eleitorais também marcam um contraste tão forte como as candidaturas em si: por um lado, Massa com uma abordagem gradualista, gera um tipo de preocupação pelas suas próprias políticas aplicadas desde o ministério que liderou; e Milei, com sua abordagem disruptiva gera incertezas sobre a estabilidade econômica futura.
Em relação ao FMI, as propostas diferem. Massa busca uma negociação integral, enquanto Milei poderia abrir um debate sobre a dolarização e o fechamento do Banco Central, ideias que desafiam a abordagem tradicional do organismo internacional.
Esses assuntos são os que preocupam principalmente aos votos indecisos, que na Argentina chegam a ser 4,8 milhões de votantes, e são o grupo que realmente decidirá a vitória dessas eleições. As diferentes perguntas que esses milhões de indecisos fazem a si mesmos, serão determinadas pela pessoa que lhes gere menos rejeição que a outra, no contexto dos conflitos e desafios que encaram no seu dia a dia.