O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sete aliados no Supremo Tribunal Federal não é apenas um processo jurídico — é um espetáculo político. O que se apresenta como defesa da democracia parece, na verdade, uma tentativa de reescrever a história com tintas ideológicas. A acusação de tentativa de golpe de Estado, sustentada por delações frágeis e interpretações difíceis de justificar, revela mais sobre os interesses de quem julga do que sobre os réus em si.
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, abriu o julgamento com um discurso que mais se assemelha a uma peça de retórica política do que a uma análise jurídica. A imprensa internacional, como o Washington Post, chegou a destacar que Moraes fez uma “provocação a Trump” ao insinuar interferência estrangeira no processo. A comparação com os eventos de 6 de janeiro nos Estados Unidos é conveniente para quem deseja pintar Bolsonaro como uma ameaça global à democracia — mas ignora as nuances e os fatos concretos do caso brasileiro.
A ausência de provas materiais é alarmante. A chamada “minuta do golpe”, encontrada na casa de Anderson Torres, já circulava na internet, o que dificulta atribuir-lhe qualquer valor jurídico. A defesa de Mauro Cid, por sua vez, reiterou que sua delação foi voluntária, mas o próprio acordo está sendo contestado por juristas como Demóstenes Torres, que o classificou como “injurídico”. Quando delações premiadas se tornam o pilar de acusações tão graves, o risco de manipulação é evidente.
Mais preocupante ainda é o perfil dos ministros envolvidos. Cristiano Zanin, ex-advogado de Lula, já se posicionou publicamente contra Bolsonaro. Flávio Dino também fez declarações que beiram o fanatismo. Alexandre de Moraes, segundo denúncias de ex-assessores, teria interesses pessoais na condenação de membros do círculo bolsonarista. A imparcialidade, pilar de qualquer sistema judicial sério, parece ter sido substituída por uma cruzada ideológica.
A oposição, por sua vez, já articula uma proposta de anistia, reconhecendo que o julgamento tem mais de simbólico do que de substancial. Líderes como Hugo Motta sinalizaram que há maioria para pautar o tema no Congresso, o que revela que até mesmo setores da esquerda reconhecem o exagero da perseguição judicial. A democracia não se fortalece com condenações políticas, mas com respeito ao devido processo legal.
O Brasil, que já viveu regimes excepcionais, deveria saber que a justiça não pode ser usada como ferramenta de vingança. A tentativa de associar Bolsonaro a uma conspiração golpista ignora o fato de que nenhum ato concreto foi executado. Nenhuma tropa foi mobilizada, nenhum decreto foi emitido. O que há são suposições, anotações pessoais e interpretações enviesadas.
Se há algo que este julgamento revela, é o verdadeiro rosto da justiça brasileira: um tribunal que se arroga o papel de guardião da democracia, mas que se comporta como censor de ideias contrárias. A perseguição a Bolsonaro não é apenas um ataque a um homem — é um ataque à pluralidade política, à liberdade de expressão e à legitimidade de milhões de brasileiros que o elegeram. E isso, sim, é uma ameaça à democracia.