Durante encontro em Moscou, o chanceler russo Serguei Lavrov cobrou do assessor presidencial Celso Amorim uma posição mais alinhada com os interesses do Kremlin em relação ao conflito na Ucrânia. Entre as demandas está o apoio brasileiro à exigência de que Kiev abra mão da adesão à OTAN e aceite a perda de territórios ocupados pela Rússia desde 2022.
Lavrov insistiu que o Brasil demonstre mais “compreensão acerca das causas fundamentais” da guerra, ou seja, a narrativa russa que responsabiliza o Ocidente e a mudança de regime em Kiev em 2014 pelo conflito. Amorim reiterou a posição de neutralidade brasileira, que condena a invasão, mas rejeita as sanções contra Moscou. A diplomacia brasileira, tradicionalmente voltada ao diálogo e à defesa de interesses nacionais, tem mantido laços econômicos com a Rússia, que se tornou o maior fornecedor de óleo diesel ao Brasil — relação ameaçada por sanções internacionais.
Fontes oficiais russas afirmaram que as conversas foram “francas e substanciais”, com Putin tentando ampliar sua base de apoio entre países considerados neutros. Lula, que recentemente compareceu ao evento militar em Moscou ao lado de Vladimir Putin e outros líderes autocráticos, foi criticado por países ocidentais e por Kiev, que vê o gesto como conivência com a agressão russa.