A Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, iniciou um curso voltado a militantes evangélicos com o objetivo de aproximar o partido do público religioso que, segundo o Censo de 2022, representa 26,9% da população brasileira. A iniciativa, chamada “Fé e Democracia para a Militância Evangélica Brasileira”, busca reverter a crescente rejeição ao governo Lula (PT) nesse segmento, marcada por forte adesão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante o lançamento, o presidente da fundação, Paulo Okamotto, afirmou que o grupo trabalha há mais de um ano para conscientizar os militantes petistas sobre a importância da religião na vida dos brasileiros.
O conteúdo do programa promove uma releitura da fé cristã alinhada com a marxista, tentando se contrapor ao discurso de pastores conservadores que apoiam Bolsonaro. A teóloga Angélica Tostes declarou que “a Bíblia é o livro da classe trabalhadora” e defendeu que a esquerda precisa entender o papel da religião nas periferias. Já o pastor Ariovaldo Ramos, que participou do curso, afirmou que a “lógica cristã é uma justiça que trabalha a partir da igualdade”, aproximando-se de conceitos como reforma agrária e redistribuição de renda. A abordagem busca desconstruir a hegemonia conservadora sobre o discurso religioso, especialmente entre evangélicos pentecostais.
Apesar do esforço petista, pesquisas recentes apresentam que maioria dos evangélicos desaprovam o governo Lula. Estudos também indicam que os estados com maior proporção de evangélicos votaram majoritariamente em Bolsonaro em 2022, o que evidencia a dificuldade do PT em penetrar nesse eleitorado. A campanha do partido, marcada por um viés ideológico e por tentativas de “desbolsonarizar” os evangélicos, pode enfrentar resistência por parte de lideranças religiosas tradicionais e da base conservadora que se fortaleceu nos últimos anos.
Com informação da Folha de S.Paulo.