O peso argentino despontou como a moeda mais fortalecida em termos reais em 2024, consolidando a popularidade do presidente libertário Javier Milei. A valorização acumulada de 44,2% frente a uma cesta de moedas de parceiros comerciais contrasta fortemente com a trajetória do real, que perdeu 21,52% de seu valor no mesmo período sob o governo Lula (PT). Esse cenário reflete as abordagens econômicas distintas dos governos da Argentina e do Brasil, com destaque para os efeitos de políticas de controle cambial e austeridade adotadas por Milei.
Embora a valorização do peso tenha elevado o poder de compra de muitos argentinos, permitindo que salários médios praticamente dobrassem, especialistas alertam para riscos estruturais. O Banco Central da Argentina enfrenta dificuldades em manter reservas de moedas fortes, enquanto o fortalecimento do peso aumenta os custos de exportação. “Se o peso continuar a se valorizar, a demanda por dólares baratos pode disparar”, avaliou Ramiro Blázquez, do BancTrust em entrevista à Folha de S. Paulo. No Brasil, a deterioração fiscal e a falta de confiança no governo Lula têm contribuído para o enfraquecimento do real, que ultrapassou os 6 reais na taxa de câmbio.
Analistas também destacam a influência de fatores externos e internos no contraste entre as economias. Enquanto Milei aposta em uma agenda liberal com redução de tributos e desregulação, Lula enfrenta críticas por políticas que pressionam o mercado e ampliam temores sobre a dívida pública. No Brasil, a desvalorização do real ameaça a estabilidade econômica, enquanto na Argentina, a pressão por uma desvalorização oficial diminuiu com o fortalecimento do peso em mercados paralelos, o que gerou maior confiança no governo Milei.