O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), demonstrou preocupação com o crescimento do movimento conservador no Brasil, particularmente após os resultados das eleições municipais de 2024 onde seu partido manteve uma performance abaixo do esperado. Em um evento promovido pelo Itaú BBA, Haddad criticou o que classificou como uma retórica “anticientífica e antidemocrática”, referindo-se ao fortalecimento de pautas conservadoras que, segundo ele, desafiam o conhecimento científico e os valores democráticos, aceitando que tais discursos estão ganhando força, em vez de perderem relevância, como muitos esquerdistas previam.
Embora Haddad defenda a democracia e o alinhamento com a ciência, seu governo tem mantido estreitas relações com regimes ditatoriais, como os da Venezuela, Cuba, Irã e Rússia. Essa contradição entre a defesa da democracia e as alianças internacionais chama à atenção, especialmente em um contexto onde a suposta defesa da democracia pela esquerda é destacada. “O mundo está muito mais conservador e distópico do que imaginávamos. Hoje, há espaço para todo tipo de retórica”, declarou o ministro, expressando sua frustração com o avanço do movimento da direita.
Haddad também fez referência ao Prêmio Nobel de Economia, destacando a importância de instituições sólidas para o desenvolvimento econômico e a necessidade de pautar políticas públicas em evidências científicas. Apesar de sua defesa da ciência, as críticas à crescente onda conservadora e os discursos anticientíficos parecem ignorar a contradição entre suas palavras e as ações diplomáticas do governo federal, que tem estreitado laços com governos autoritários ou mantendo uma posição de omissão diante violações de direitos humanos e fraudes eleitorais cometidos por ‘ditaduras amigas’.