Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (28) que “o povo brasileiro não merece se sacrificar por Bolsonaro”, em referência à crise diplomática com os Estados Unidos, que atualmente pressionam o sistema brasileiro a agir de acordo com o previsto na Constituição no que diz respeito à preservação do devido processo legal e da liberdade de expressão. A declaração ocorre em meio ao agravamento das tensões comerciais com o governo de Donald Trump, que anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Lula responsabilizou diretamente os Bolsonaro pela medida, afirmando que a postura do ex-presidente e de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), teria inviabilizado qualquer possibilidade de negociação com Washington.
Em visita aos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro sugeriu que as tarifas poderiam ser revistas apenas mediante uma anistia para os presos do 8 de Janeiro e para seu pai, investigado por suposta tentativa de golpe, base da fundamentação de sua inelegibilidade. Lula considerou a proposta inaceitável e classificou a atitude do deputado como “falta de vergonha, de caráter, de patriotismo”. Embora o líder da esquerda afirme buscar o diálogo e não o confronto, o próprio Itamaraty reconheceu que, desde julho, nenhuma autoridade brasileira foi recebida formalmente pelo alto escalão do governo norte-americano.
A relação entre os dois países se deteriorou ainda mais após declarações de Lula que compararam Trump a movimentos fascistas, além de decisões polêmicas do STF, cujos ministros, em sua maioria, foram indicados por governos petistas. Em tom irônico, Lula disse não ter assunto para tratar com o republicano, “a não ser contar piada”. A falta de interlocução com o Departamento de Estado é vista como um sinal claro de isolamento diplomático, agravado pela politização nas falas de integrantes do governo brasileiro.
