Em entrevista realizada nesta segunda-feira, 8, ao Canal 011 News, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), falou sobre a fragilidade atual do Congresso, do envolvimento com o hacker Walter Delgatti e a possibilidade de ser presa.
A entrevista foi concedida à jornalista Rose Rocha, na estreia do programa 011 News Entrevista, após a Polícia Federal adiar o depoimento de Zambelli por falta de acesso da defesa aos autos do processo. A deputada explanou detalhes do episódio do dia 29 de outubro de 2022, em que foi filmada perseguindo um homem nas ruas do bairro Jardins, em São Paulo. O ocorrido repercutiu e foi divulgado pela imprensa como um dos fatores que levou Jair Bolsonaro a perder votos no dia da eleição e se afastar da parlamentar. Quando perguntada sobre como está seu relacionamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro, ela diz que depois da operação da PF tem evitado o contato para não prejudicá-lo.
Carla desmentiu ainda a divulgação na imprensa de que Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, teria se afastado dela. “Pouco antes dessa gravação a gente viu em alguma imprensa que o PL estaria afastado de mim, daria por certa a minha cassação. Mandei uma mensagem para o Valdemar, ele retornou à ligação e disse que vai desmentir isso”. A deputada também se queixou de uma fake news propagada pela jornalista da Globo News, Daniela Lima, que apresentou no ar um documento dizendo que a defesa de Zambelli teria acesso às investigações da Polícia federal. “Se a gente tivesse tido acesso aos autos, por que que o próprio delegado falaria sobre o adiamento? O próprio delegado sabe das informações. O que a gente teve acesso foi à quarenta páginas do processo que era apenas o porquê da operação”.
Sobre o envolvimento com o hacker, Carla Zambelli explicou que conheceu Walter Delgatti Neto na saída de um hotel em Ribeirão Preto/SP, e que se aproximou por curiosidade em saber se as urnas eletrônicas eram confiáveis. Segundo disse ao 011 News, por se tratar de um expert em tecnologia, Delgatti poderia fazer o teste de segurança nas urnas ou (TPS) Teste Público de Segurança, garantido no site do TSE. Zambelli explica que 206 mil novas urnas foram usadas no processo eleitoral de 2022 – segundo dados do TSE, e, que recebera informações de que 53 mil não haviam sido auditadas.
Posteriormente, a deputada recebe em sua casa em Brasília, Walter Delgatti e o advogado dele com o filho para uma conversa pessoal. “Mas fato é que existia sim uma intenção minha em tentar fazer esse teste público com o Walter. Pedir oficialmente, para que fosse feito esse teste de segurança”. A deputada resumiu que a ideia não foi para a frente. “Foi uma ideia que eu tive, discuti com ele, mas não aconteceu”.
Carla decide levar o hacker ao Palácio da Alvorada para falar com o presidente, que, segundo a deputada, fez a mesma pergunta. “A única coisa que o presidente perguntou é ‘a urna é 100% confiável’? Ele falou que não”. Após o encontro com Jair Bolsonaro, o hacker foi até o Ministério da Defesa para que explicar “como fazer para que essa inteligência artificial não fosse usada contra nós, ou contra o Lula, ou qualquer um dos lados na eleição”. Reiterou a deputada, que finalizou defendendo sua aproximação ao hacker. “Muita gente está julgando o fato de eu ter me aproximado do Walter Delgatti como algo ruim. Mas eu acho que existe boa parte da população que está acompanhando a gente agora, boa parte dos meus eleitores, eu tenho certeza que tinham dúvidas sobre as urnas. E não é crime ter dúvida”.
Sobre o papel dos deputados, teceu críticas à fragilidade do Congresso Nacional perante os outros poderes e a facilidade com que estão passando os projetos na Casa. “A gente tem um grupo que deve ao STF. A gente tem um grupo que está vendido ao Lula”. Declarou ainda que não tem medo de ser presa, mas que hoje, é possível isso acontecer no Brasil por não haver fiscalização entre os poderes. “Pode acontecer, porque tem certas pessoas que não tem limites aqui no Brasil. E não tem gente impondo limites pra eles, conforme a nossa Constituição pregaria que o Senado seria o contraponto ao STF”.