O economista Roberto Campos Neto encerrou, nesta terça-feira (31), seu mandato à frente do Banco Central. Indicado por Jair Bolsonaro (PL), Campos Neto liderou a instituição por cinco anos e dez meses, enfrentando cenários como a instabilidade macroeconômica e a implementação da autonomia do BC. Apesar de deixar o cargo, ele ainda precisará cumprir a quarentena de seis meses exigida pela Lei Complementar 179/2021, que regulamenta a independência da autarquia e determina regras para seus mandatos.
No dia 1º de janeiro, Gabriel Galípolo, indicado por Lula da Silva (PT), assumiu o comando do Banco Central. Ex-diretor de Política Monetária do BC e membro das equipes de transição e do Ministério da Fazenda, Galípolo terá mandato fixo de quatro anos, conforme previsto na legislação de autonomia. Sua nomeação, publicada no Diário Oficial da União, é vista como uma tentativa de alinhar as políticas monetárias aos interesses do Executivo, e terá como maior desafio manter a confiança do mercado financeiro enquanto atende às demandas do governo federal.
Contudo, a lei que a estabelece foi aprovada durante o governo Bolsonaro e impede que o presidente da República interfira diretamente na gestão do Banco Central. A transição de Campos Neto para Galípolo gera incertezas sobre possíveis alterações na condução da política monetária, especialmente em um cenário onde o Executivo busca maior influência sobre as decisões do BC, para entre outras coisas controlar políticamente a taxa Selic, como tem sido defendido pela presidente do Partido dos Trabalhadores, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).