Em jantar promovido pelo ‘think tank Esfera’, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSOL), adotou tom crítico ao mercado financeiro e às ações de segurança pública que envolvem operações policiais contra o crime organizado. Diante de empresários e executivos de grandes empresas, Boulos afirmou que o Brasil não pode ser “plataforma de aplicação especulativa de curto prazo” e criticou o que chamou de “populismo à base de sangue”, em referência indireta à operação policial no Rio de Janeiro e ao comportamento dos mercados.
Durante o encontro, Boulos defendeu a regulamentação de entregadores de aplicativos, tema que, segundo ele, foi delegado por Lula e pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT). O ministro afirmou que as plataformas digitais têm obtido “ganhos excessivos” em relação aos trabalhadores e que pretende avançar em propostas que garantam direitos como seguro contra acidentes e remuneração mínima. Representantes das empresas presentes, como iFood e Uber, têm demonstrado preocupação com o impacto financeiro das medidas, que podem comprometer a viabilidade do modelo de negócios.
Ao abordar segurança pública, Boulos elogiou ações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União contra esquemas de lavagem de dinheiro, mas criticou operações ostensivas como a realizada no Complexo do Alemão. Sem citar nomes, o ministro afirmou que “pegar na ponta” seria uma forma de populismo, enquanto defendeu o combate à “cabeça do crime”. O evento contou com a presença de ministros do Governo Federal, representantes de big techs e autoridades reguladoras, reforçando a tentativa do Governo Lula de se aproximar do setor empresarial, mesmo com discursos que confrontam práticas do livre mercado.











