Se você está pensando em abrir um negócio no Brasil, esqueça tecnologia, agroindústria ou turismo. Invista em uma startup sindical. Não requer prática, tampouco habilidade — basta ter bons contatos políticos, algum talento para burocracia e zero vergonha na cara. No resto, o sistema cuida para que nada seja investigado com profundidade. As cifras? Bilhões. As vítimas? Aposentados e pensionistas — a geração que construiu o país e agora é saqueada sob o pretexto de representatividade.
Em menos de cinco anos, entidades ditas “representativas” de aposentados multiplicaram por seis e meio os repasses financeiros recebidos diretamente da folha de pagamento do INSS. Um salto inexplicável, exceto se levarmos em conta o que a Polícia Federal já sabe: trata-se de um esquema de fraude institucionalizada, onde mensalidades são cobradas sem consentimento, onde a biometria digital virou obstáculo indesejado, e onde entidades como a Ambec saltam de três associados para mais de meio milhão da noite para o dia — tudo isso com uma naturalidade assustadora.
O caso evidencia uma velha verdade latino-americana: o verdadeiro comunismo por aqui nunca foi o das fábricas socializadas ou da luta de classes, mas sim o da privatização do Estado por grupos aliados ao poder. Enquanto Lula passeia com ditadores na Rússia e China, tentando reviver utopias falidas que custaram milhões de vidas, seu governo no Brasil tenta abafar uma Comissão Parlamentar de Inquérito que poderia escancarar esse novo “Mensalão da Terceira Idade”.
Não se trata apenas de corrupção, mas de uma arquitetura de impunidade. O governo tenta evitar a CPI como o diabo foge da cruz, alegando que “já resolveu o problema”. Ora, se a lógica fosse essa, escândalos como Watergate jamais teriam sido investigados. Aqui, o medo é outro: o de que uma comissão dominada pela oposição, em pleno ano pré-eleitoral, revele até onde vai a teia de proteção que sustenta esse sistema de desvios, falsificações e lavagem de dinheiro.
E não é só o Executivo. Até o Tribunal de Contas da União, que deveria fiscalizar o INSS, aparece no escândalo com o nome da esposa de um de seus ministros associado a um carro de luxo apreendido pela Polícia Federal. Coincidência, dizem. Mas em regimes onde o Estado é dominado por interesses partidários e sindicais, como os que a esquerda brasileira admira no leste europeu e na América Latina, coincidências desse tipo são regra, não exceção.
É aqui que figuras como Jair Bolsonaro, por mais polêmicas que sejam, acertam em cheio ao denunciar o aparelhamento das instituições e a necessidade de governar com pulso firme contra essa burocracia parasitária. Sob governos de direita, os sindicatos e entidades de fachada deixam de ser intocáveis. A liberdade de imprensa e o combate ao “deep state” não são chavões populistas — são mecanismos essenciais para expor o que há de podre sob a superfície da legalidade.
A esquerda, que tanto fala em “defesa dos pobres”, se cala diante da pilhagem de milhões de aposentados. Onde está a revolta da militância quando o sistema lesa exatamente aqueles que mais precisam? Talvez ocupada demais blindando ministros, protelando CPIs ou cuidando da imagem internacional de um governo cada vez mais próximo de regimes ditatoriais, que se inspiram mais em Putin do que em qualquer ideal democrático ocidental.
No Brasil, o capitalismo de compadrio foi sindicalizado. E enquanto os inocentes são saqueados, os culpados seguem protegidos. O maior negócio do país hoje não é criar empregos, é criar siglas. E se você tiver o selo “companheiro”, o lucro é garantido — e a punição, improvável.