Os investidores na Argentina monitoram atentamente a semana seguinte ao primeiro turno das eleições no último domingo (22). Uma disputa entre Sergio Massa, representando a esquerda, e Javier Milei, da ala direita, está agendada para 19 de novembro, com Massa liderando o primeiro turno, enquanto Milei busca alianças para reverter o cenário.
Contudo, Milei é inequivocamente o preferido dos mercados. Sua vitória nas primárias argentinas impulsionou a bolsa, o que contraria as expectativas. Massa conquistou 36,68% dos votos, enquanto Milei, inicialmente favorito, obteve 29,98%.
A plataforma econômica de Massa, atual ministro da Economia e herdeiro do presidente Alberto Fernández, suscita preocupações entre os investidores, dada a já frágil situação fiscal do país.
Na segunda-feira (23), os mercados reagiram negativamente com a vitória de Massa. O índice Merval, equivalente ao Ibovespa argentino, caiu mais de 11% após a abertura, e o dólar blue, a taxa paralela, subiu mais de 16%, atingindo 1.075 pesos por dólar na venda, estabelecendo máximas históricas. No mesmo período, a bolsa brasileira caiu 0,13%, para 113.060 pontos, enquanto o dólar recuou 0,46%, cotado a R$ 5,00.
Os ativos de risco são notavelmente sensíveis às notícias, e as expectativas de um segundo turno liderado por Milei desapontaram. Sua proposta de dolarização, supressão do peso e abordagem liberal atraíram o mercado financeiro. Por outro lado, Massa continuaria um governo com reservas internacionais escassas e uma inflação em rápida expansão.
Em busca de votos para enfrentar o ministro da Economia, Milei mencionou a incorporação de membros de esquerda em seus ministérios, demonstrando flexibilidade para resolver problemas de forma eficiente. “Se a pessoa que mais sabe sobre o assunto vai te oferecer uma solução, não me importa o que ela pensa sobre a teoria do valor-trabalho. Há um problema: quero resolvê-lo sem causar danos a ninguém, de modo que seja mais eficiente, que seja bem-vindo”, disse Milei.