O Brasil foi surpreendido por uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a suspensão imediata da rede social X (antigo Twitter) em todo o território nacional. A medida, que inclui multas diárias para aqueles que tentarem acessar a plataforma via VPNs, gerou um misto de indignação e perplexidade, especialmente entre usuários e figuras públicas que ainda conseguiam postar na rede mesmo após o suposto bloqueio.
Veículos como Globo, CNN, Revista Oeste, Gazeta do Povo, assim como influenciadores digitais, mantiveram suas atividades na rede, levando muitos a questionarem como isso era possível. A explicação técnica mais plausível para esse fenômeno é o uso de plataformas de postagem automática via API (Interface de Programação de Aplicações).
Segundo matéria da Gazeta do Povo publicada hoje, 31/08, essas informações foram obtidas por leitores que moram no exterior, o que afasta a ideia de que a grande mídia ou que este escriba esteja utilizando VPNs para driblar a determinação de Moraes para se informar. Isso reforça a hipótese de que o acesso às APIs do X não foi totalmente bloqueado, permitindo que as postagens programadas continuassem a ser publicadas na rede social.
As APIs são conjuntos de funções e procedimentos que permitem a criação de aplicações que acessam as funcionalidades de outros sistemas, como o X. Plataformas de postagem automática utilizam essas APIs para enviar tweets em horários pré-programados, ou acionados por determinados eventos, sem a necessidade de intervenção humana. Embora o acesso ao X tenha sido bloqueado para usuários comuns, parece que o bloqueio não atingiu as APIs, permitindo que postagens programadas continuassem sendo publicadas na rede social.
Um dos aspectos mais polêmicos após o bloqueio foi o fato de que o Partido dos Trabalhadores (PT) continuou a utilizar o X para divulgar mensagens de campanha eleitoral. Isso ocorreu mesmo com a plataforma supostamente fora do ar no Brasil, o que gerou críticas por parte de vários setores. O jornalista americano Glenn Greenwald, conhecido por suas análises incisivas, ironizou a situação, destacando a contradição entre o apoio do presidente Lula à proibição da plataforma e o uso contínuo do X pelo PT.
Além do PT, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também fez uso da plataforma para divulgar um comunicado, ignorando a suspensão em vigor. A continuidade das atividades de ambas as instituições na rede social gerou questionamentos sobre a eficácia e o alcance real da decisão do STF.
A decisão de suspender o X no Brasil, ainda que temporária, trouxe à tona uma série de debates sobre liberdade de expressão, censura e os limites da intervenção estatal na internet. A postura do STF e as reações das instituições e personalidades envolvidas indicam que o país ainda está longe de encontrar um consenso sobre o papel das redes sociais no cenário político e social atual.
Enquanto isso, milhões de brasileiros, que utilizam o X para diversas finalidades, desde negócios até entretenimento, aguardam ansiosamente por um desfecho para essa situação, questionando como e por quanto tempo a plataforma permanecerá inacessível no país.