A poucos dias da entrada em vigor das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas por Donald Trump, o governo Lula (PT) intensifica ações diplomáticas em frentes distintas, evitando discutir diretamente os motivos políticos que teriam levado à medida, como a perseguição de opositores e a censura às redes sociais. Enquanto o petista participa de cúpulas internacionais no Chile defendendo a democracia e o multilateralismo, o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), busca apoio junto ao setor empresarial.
Segundo fontes do Planalto ouvidas pela BBC News Brasil, o governo dos Estados Unidos tem dado sinais claros de que pretende manter as sanções, interpretadas como uma pressão direta sobre o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal. Um dos indícios citados é a revogação dos vistos de ministros do STF e do procurador-geral da República. “É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, afirmou Trump em carta pública, ao criticar o tratamento dado a Bolsonaro. Para aliados do atual governo brasileiro, o gesto mostra que a ofensiva de Trump mira a sucessão presidencial de 2026, e uma redemocratização do pais no curto prazo.
O Palácio do Planalto ainda não confirmou possíveis medidas de retaliação, mas admite que o cenário para um acordo comercial é desfavorável. A estratégia oficial inclui manter negociações formais, mobilizar empresários americanos e preparar respostas econômicas caso as tarifas entrem em vigor no dia 1º de agosto. A leitura entre interlocutores do presidente é de que Trump tenta influenciar diretamente o futuro político do Brasil ao vincular barreiras comerciais a decisões judiciais internas, mas evitam falar em negociações que conduzam à retomada da liberdade e o Estado de Direito.