A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) enfrenta uma intensa controvérsia judicial que resultou na suspensão, por liminar da Justiça Federal, de um edital que criava 80 vagas suplementares para o curso de Medicina. As vagas eram destinadas exclusivamente a candidatos de assentamentos da reforma agrária e comunidades quilombolas. A decisão judicial ocorreu a poucos dias da data prevista para o processo seletivo, que seria realizado no Centro Acadêmico do Agreste da universidade. Vereadores do Recife questionaram a medida, alegando que ela viola a igualdade de oportunidades e possui um viés puramente ideológico.
A iniciativa da UFPE era financiada pelo Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária), que pela primeira vez incluiria a formação médica em sua grade. O modelo de seleção, que envolvia redação e análise de histórico escolar, gerou a inscrição de mais de 1.200 candidatos de comunidades rurais e quilombolas, mas foi criticado por ser menos rigoroso que o vestibular tradicional.
A polêmica atraiu a oposição de entidades como o Conselho Federal de Medicina (CFM), que classificou a medida como uma “anomalia” com cunho ideológico, e de parlamentares no Congresso, que alertaram para a abertura de um “precedente perigoso”. Em resposta, a Advocacia-Geral da União (AGU) prepara um recurso para derrubar a liminar. A defesa sustenta que as vagas são suplementares, financiadas por recursos do Incra, e não prejudicam o número de vagas regulares do curso. A AGU também alertou sobre os danos causados aos mais de mil candidatos que se preparavam para a prova.