O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta quarta-feira (16) que não pretende ceder às pressões em relação ao tarifaço de 50% anunciado pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros e que não vai “sacrificar o Brasil por causa do Bolsonaro”. A medida, que deve entrar em vigor em 1º de agosto, foi justificada pelo presidente norte-americano Donald Trump, em parte, como resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal. Para Haddad, a taxação de itens como carne, suco e café “não faz sentido econômico” e encarecerá o café da manhã dos americanos.
Durante a entrevista, Haddad criticou a postura de aliados do ex-presidente, afirmando que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) estaria condicionando a suspensão da medida a uma anistia ampla aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. “Um soldado se sacrificar por um país é coisa rotineira. Mas um soldado sacrificar o seu país por si mesmo é uma coisa que vai dar uma série de TV”, declarou o ministro. Ele também ironizou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), dizendo que o ex-ministro agiu como “um serviçal de outro país”.
Apesar das críticas ao impacto político da taxação, Haddad evitou estimar prejuízos econômicos concretos à economia brasileira e se mostrou despreocupado com investigações paralelas do governo americano que citam temas como o Pix, pirataria e desmatamento. “Os Estados Unidos deviam estar copiando o Pix. Você não se incomoda com criptomoeda e vai se incomodar com o Pix?”, questionou. O ex-presidente Bolsonaro, por sua vez, negou que a anistia seja uma condição imposta a Trump, mas declarou ter “poder de resolver esse assunto” com o republicano.