O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), demonstrou apreensão com os rumos da economia sob o comando de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central. Em entrevista ao UOL nesta segunda-feira (12), Haddad destacou que a taxa Selic está “altíssima” e indicou que a condução da política monetária tem gerado tensões dentro do próprio governo. Apesar disso, ressaltou que Galípolo conta com a confiança de Lula e autonomia para tomar decisões, mesmo em meio às críticas sobre a continuidade dos aumentos dos juros básicos.
Haddad também afirmou que o Ministério da Fazenda está focado em cumprir as metas fiscais já anunciadas, reiterando a previsão de déficit primário zero em 2025 e superávit de 0,25% do PIB em 2026. Segundo ele, “a Fazenda não está pensando nada além de cumprir as metas”, reforçando que a política fiscal seguirá sua trajetória independente da atuação do Banco Central. A fala sugere um esforço de blindagem da equipe econômica diante do cenário de juros elevados, que tem dificultado a recuperação de setores produtivos e desestimulado investimentos.
A mudança na presidência do Banco Central, com a saída de Roberto Campos Neto e entrada de Galípolo, foi classificada por Haddad como “complexa”. No entanto, Galípolo afirmou que a transição ocorreu em clima de cooperação. Ao mesmo tempo, o último comunicado do Copom deixou de lado o termo “política mais contracionista”, indicando uma possível inflexão no ciclo de alta da Selic. Para o mercado, esse sinal foi interpretado como um possível alívio à frente, ainda que o patamar atual — 14,75% ao ano — seja o mais alto em quase duas décadas.