Durante uma entrevista ao canal de mídia alinhado à esquerda, Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda dos governos petistas de Lula e Dilma, declarou que os Estados Unidos se tornaram “uma piada” sob a gestão de Donald Trump. Ele criticou duramente a política tarifária adotada pelo presidente americano, acusando-o de gerar instabilidade global e de atuar com improviso ao comunicar decisões econômicas diretamente pelas redes sociais. “O Estado americano funciona pelo Twitter”, ironizou Mantega, em tom de desdém à suposta ausência de institucionalidade nas decisões do governo Trump.
Mantega atribuiu à gestão Trump uma série de prejuízos nos mercados financeiros, como fuga de capitais, queda nas bolsas e retração no consumo. Para ele, a classe média americana, que investe suas economias em ações, sofre diretamente os impactos do caos econômico. O ex-ministro citou como sinal de crise interna a venda de US$ 50 bilhões em títulos da dívida norte-americana pela China e a proposta de uma tarifa de 100% contra os mesmos asiáticos feita pelo assessor Peter Navarro, que foi criticada até por empresários americanos. “Começa a rachar o gabinete interno dele”, afirmou.
Apesar das duras críticas ao presidente dos EUA, Mantega evitou responsabilizar diretamente o atual governo Lula (PT) pela situação crítica que vive o Brasil e como o cenário internacional poderia impactar nacionalmente. Ele afirmou que o país poderá até se beneficiar da nova configuração comercial e elogiou a atuação do Banco Central sob a gestão de Gabriel Galípolo. A entrevista ocorre dias após o próprio Mantega ter sido indicado pelo governo petista ao conselho fiscal da Eletrobras, mesmo após ter sido alvo de investigações na Lava Jato e acusado de intermediar recursos ilícitos para campanhas do PT — investigações que, embora encerradas pelo STF, ainda geram desconfiança na população.