A equipe econômica do governo Lula (PT) adiou o aguardado anúncio sobre cortes de gastos após um incidente envolvendo explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na noite de quarta-feira (13). O autor das explosões, Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiu França, se suicidou após detonar explosivos em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e incendiar um carro próximo ao Anexo IV da Câmara dos Deputados. Em função do ataque, o STF e a Câmara suspenderam suas atividades nesta quinta-feira (14), alegando preocupações de segurança entre os Poderes.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que a proposta de ajuste fiscal estava “pronta para ser anunciada”, mas o clima de tensão fez o governo optar por postergar o anúncio. A decisão, que também coincide com o feriado de Proclamação da República e a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, foi tomada enquanto Haddad e Lula da Silva discutiam o tema no Palácio da Alvorada. Auxiliares do petista ouvidos pelo jornal O Globo, indicaram que o atentado “comprometeu o ambiente” para a divulgação de uma medida de tamanha importância, sugerindo que o governo aguardará um momento mais propício.
Nas últimas semanas, a equipe econômica intensificou as negociações com ministros de pastas estratégicas, como Saúde, Educação, e Previdência, em um esforço para consolidar o pacote de ajustes. No entanto, o corte de gastos enfrenta resistência interna, sobretudo da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que rejeitou a inclusão de áreas sociais nas restrições orçamentárias. Para Haddad, o pacote de ajuste é “expressivo”, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), assegurou que trabalhará para sua aprovação ainda este ano.