(Bloomberg e Financial Times) – A Google, gigante da tecnologia e líder mundial em serviços de busca online, está enfrentando um desafio antes impensável em seu modelo de negócios estabelecido há décadas. De acordo com o jornal Financial Times, a empresa está considerando introduzir novos recursos “premium” alimentados por inteligência artificial (IA) em seu mecanismo de busca, disponíveis apenas mediante uma cobrança adicional pelo serviço. Essa provável mudança marca uma nova era para o Google, que desde sua fundação tem oferecido seu popular mecanismo de busca gratuitamente, sustentando suas operações principalmente por meio de receitas publicitárias geradas pelo Google ADS.
Pressão Competitiva e a concorrência do ChatGPT
A decisão do Google de explorar a monetização de recursos avançados de IA não acontece por acaso. Nos últimos meses, a empresa tem enfrentado uma pressão competitiva significativa, principalmente após o lançamento do ChatGPT pela OpenAI no final de 2022. O ChatGPT, um chatbot altamente sofisticado, ganhou milhões de usuários rapidamente, demonstrando o imenso apetite do público por tecnologias de IA conversacional. Embora o Google seja há muito tempo um líder em pesquisa e desenvolvimento de “Machine Learning” (aprendizado de máquina), a rápida adoção do ChatGPT destacou a necessidade de a empresa acelerar seus esforços para integrar recursos semelhantes em seus próprios produtos, para não ficar para trás.
Google indecisa sobre o modelo de negócios
Apesar do progresso tecnológico, os executivos do Google ainda não chegaram a uma decisão definitiva sobre quando ou se lançarão os recursos pagos de IA. Questões estratégicas cruciais, como o modelo de precificação ideal e o impacto potencial na principal fonte de receita da empresa – a publicidade – estão sendo cuidadosamente ponderadas. A introdução de uma camada paga em um serviço historicamente gratuito pode trazer desafios significativos, e o Google precisa encontrar o equilíbrio certo entre oferecer recursos avançados de IA que agreguem valor suficiente para justificar uma cobrança, ao mesmo tempo em que mantém a acessibilidade e a popularidade de seu mecanismo de busca.
Explorando a Integração de IA em Serviços do Google
Além de considerar uma versão premium de seu mecanismo de busca, o Google já começou a explorar maneiras de incorporar a IA em seus outros serviços populares. Em fevereiro, a empresa lançou o Google One AI Premium, um novo nível pago de seu serviço de assinatura ao consumidor. Os assinantes têm acesso ao Gemini, o mais recente modelo de IA da empresa, podendo usar o chatbot avançado e aproveitar os recursos generativos de IA em serviços como Gmail e Google Docs. Essa integração permite experiências mais personalizadas e eficientes, sinalizando o compromisso do Google em trazer os benefícios da IA para seus usuários.
Mais serviços pagos atrelados à Inteligência Artificial
Não está claro qual estrutura de preços o Google ofereceria e se os novos recursos de IA generativa serão lançados em fases. Conforme o Google navega nesse novo território, será crucial encontrar o equilíbrio certo entre inovação tecnológica, acessibilidade do usuário e sustentabilidade financeira.
Apenas um grupo seleto de usuários e alguns assinantes do Google One receberam acesso testes da busca atrelada à IA. “Esses resultados de IA generativa são mais caros de desenvolver, pois a tecnologia requer mais recursos de computação em comparação com os métodos tradicionais do Google”, disse o relatório do Financial Times, um dos testadores.
Alimentar consultas de pesquisa com IA generativa é “muito caro”, disse um ex-funcionário do Google à Bloomberg.
Embora ainda haja incertezas sobre como o Google avançará com seus planos para recursos pagos movidos a IA, uma coisa é clara: a integração de IA na pesquisa online está prestes a transformar fundamentalmente a forma como acessamos, interagimos e extraímos valor das informações. Esteja o Google cobrando por esses recursos avançados ou não, a era da pesquisa movida a IA está rapidamente se aproximando.
Apesar das dificuldades no mercado de IA, Google lidera a busca tradicional
Além disso, é importante destacar o impressionante desempenho financeiro do Google no último ano. Sua receita proveniente de anúncios de pesquisa e relacionados atingiu cerca de US$ 175 bilhões, representando mais da metade de suas vendas totais. Não apenas isso, mas o lucro líquido fiscal da empresa em 2023 registrou um aumento significativo de 23%, totalizando US$ 73,8 bilhões, enquanto a receita cresceu 9%, alcançando a marca de US$ 307,4 bilhões.
O negócio de serviços do Google, que abrange pesquisa, anúncios, Android, Chrome, hardware, Maps, Google Play e YouTube, contribuiu com quase 88,4% das vendas totais da empresa. Esses números refletem a forte posição do Google no mercado e sua capacidade de gerar receita em diversas áreas.
Enquanto isso, a Microsoft, apesar de sua parceria com a OpenAI e da integração do Copilot alimentado por GPT em seu mecanismo de busca Bing, ainda está significativamente atrás do Google em termos de participação de mercado. Com uma fatia de mercado global de mais de 91%, o Google continua a ser o mecanismo de busca mais usado em todo o mundo, em comparação com os 3,35% do Bing. Essa disparidade destaca a dominância contínua do Google no cenário da busca online e sua posição como líder incontestável do setor, menos em buscas feitas com IA.