A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de impor prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi duramente criticada por autoridades dos Estados Unidos. Em comunicado divulgado pelo Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental, ligado ao Departamento de Estado, o governo americano acusou o ministro Alexandre de Moraes de usar seu cargo para “silenciar a oposição e ameaçar a democracia”. A nota ainda classifica Moraes como “violador de direitos humanos” e afirma que os EUA responsabilizarão apoiadores e cúmplices de sua conduta.
A medida contra Bolsonaro foi tomada após o ministro alegar que o ex-presidente teria violado decisões judiciais ao interagir com redes sociais por meio de terceiros, incluindo seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Apesar de permanecer em casa, Bolsonaro está proibido de usar celular e só pode receber advogados, desde que sem aparelhos eletrônicos. Moraes sustentou que a conduta de Bolsonaro representa tentativa de coagir o STF e de obstruir a Justiça, o que poderia levar à conversão da prisão domiciliar em preventiva.
Nos Estados Unidos, a reação veio também por parte do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que chamou Moraes de “autoritário” e reiterou que o pai está sendo perseguido. “Deixem Bolsonaro falar!”, conclui o comunicado norte-americano, ao criticar as restrições impostas. O episódio ocorre em meio à expectativa da entrada em vigor de tarifas comerciais contra o Brasil, num momento em que a administração de Donald Trump pressiona as instituições brasileiras para, segundo ele, permitir a liberdade de expressão e o direito à opinião de opositores sem retaliação política.